Quase 90 mil pessoas fugiram de Mogadiscio nos últimos dias, aumentando ainda mais o fluxo de deslocados internos pelos piores confrontos em meses na capital da Somália, informou hoje a Organização das Nações Unidas (ONU). Por causa dos confrontos entre rebeldes islâmicos e tropas somalis e etíopes, bairros inteiros ficaram vazios. Ao todo, 88 mil pessoas deixaram a capital somali em apenas três dias, prosseguiu a ONU. O número é bem superior à média de 20 a 25 mil pessoas que vinham deixando mensalmente a cidade, de acordo com dados compilados pela instituição.
"Também estou muito preocupado com a segurança e o bem-estar daqueles que permanecem em Mogadiscio por conta da situação de insegurança e das faltas de acesso e liberdade de movimento pela cidade", disse em comunicado o coordenador humanitário da ONU para a Somália, Christian Balslev-Olesen. A população de deslocados internos da Somália já contabiliza 800 mil pessoas. Só desde o início deste ano, são 450 mil, segundo a ONU. Atualmente, também segundo a entidade, mais de 1,5 milhão de somalis precisam de ajuda alimentar e proteção.
A capital somali viveu poucos dias de paz desde dezembro do ano passado, quando soldados etíopes apoiaram forças do governo da Somália para expulsar da cidade uma milícia radical islâmica que havia consolidado poder sobre Mogadiscio seis meses antes. Logo que recuaram, os militantes fundamentalistas prometeram desencadear uma guerra de guerrilha contra as forças que apóiam o governo somali. Milhares de civis morreram nos últimos meses.
Sem Governo CentralA Somália entrou em crise a partir de 1991, quando senhores da guerra derrubaram o ditador Mohamed Siad Barre e voltaram-se uns contra os outros. Desde então, o país não possui governo central. Um governo provisório apoiado pela ONU foi formado em 2004, mas encontra extrema dificuldade para impor autoridade.