Os parentes de Jean Charles de Menezes informaram nesta quinta-feira que vão recorrer à Câmara dos Lordes depois de terem perdido sua batalha diante dos tribunais para obter o julgamento dos policiais que mataram o jovem brasileiro em um metrô de Londres em julho de 2005.
Três juízes do Tribunal Supremo de Londres se opuseram à demanda apresentada pela família de Jean Charles, que pedia a revisão da decisão da promotoria de não indiciar os policiais envolvidos na morte do eletricista de 27 anos.
"Hoje é um dia triste para a família. Tenho o coração partido. Mas vamos recorrer à Câmara dos Lordes", disse Patricia da Silva Armani, prima de Jean Charles, após o pronunciamento da decisão.
"Nossa luta continua", afirmou a jovem ao sair do tribunal, declarando não entender "como a polícia pode matar uma pessoa inocente, com total impunidade".
A promotoria britânica (Crown Prosecution Service) investigou as ações de 15 agentes envolvidos na morte de Jean Charles, e decidiu em julho que as evidências para processar alguns destes policiais eram "insuficientes".
A promotoria limitou-se a acusar a polícia como instituição, em virtude de uma lei de saúde e segurança no trabalho, alegando falta de "provas suficientes" para indiciar formalmente os agentes pela morte de Jean Charles.
"É lamentável. Os juízes tomaram a decisão equivocada", disse a prima do eletricista.
"Ouvimos no tribunal como a polícia cometeu um erro após o outro no dia em que mataram meu primo", em 22 de julho de 2005, declarou Patricia da Silva Armani, referindo-se à revelação de algumas das conclusões contidas no relatório de investigação da Comissão independente da polícia (IPCC) sobre o caso.
Este relatório ainda não foi publicado, e os elementos revelados no Tribunal Supremo não podem ser comentados pela imprensa por decisão dos juízes.
"Vamos seguir lutando para que se faça justiça, até que alguém seja responsabilizado perante a lei pelo assassinato do meu primo", afirmou a jovem.
A morte de Jean Charles pela polícia aconteceu no dia seguinte aos fracassados atentados contra a rede de transporte público de Londres. Duas semanas antes, quatro terroristas suicidas haviam matado 52 pessoas e ferido 700 em uma série de ataques cometidos em três metrôs e um ônibus da capital britânica.