As principais forças políticas peruanas decidiram nesta terça-feira dar uma trégua ao social democrata Alan García, que deve assumir a presidência no dia 28 de julho depois de vencer no domingo o candidato nacionalista Ollanta Humala.
O tema predominava na agenda política peruana dois dias depois da vitória de García, que tem até agora 52,57% dos votos, com uma diferença de 666.266 votos sobre Humala, que seguia com 47,42%, apurados 97,17% dos votos.
García, líder do Partido Aprista, prometeu durante sua campanha eleitoral montar um governo de consenso e disse que não decepcionaria os eleitores de outros partidos que votaram nele no segundo turno.
O presidente Alejandro Toledo, que deve entregar a presidência a García no dia 28 de julho, pediu uma trégua para o próximo governante.
"Precisamos dar ao próximo presidente um tempo, uma trégua para que nos mostre aonde quer nos levar", afirmou Toledo, lembrando que não teve "lua-de-mel" com os peruanos quando foi eleito.
A aliança direitista Unidade Nacional, cuja candidata Lourdes Flores foi eliminada do segundo turno por estreita margem por García, concordou em dar uma trégua política de cem dias ao novo governo.
"Uma trégua política seria o mais prudente e razoável, mas nossa atitude não deve ser entendida como uma lua-de-mel", advertiu Raúl Castro, vice-presidente do Partido Popular Cristão, coluna vertebral da Unidade Nacional.
Para Castro, García "amadureceu" e, por isso, o Partido Popular Cristão lhe dará uma trégua para que possa trabalhar com outros grupos políticos em nome da governabilidade do país.
O deputado Víctor García Belaúnde anunciou que o partido Ação Popular, da coalizão Frente de Centro, que apresentou como candidato o ex-presidente do governo de transição Valentín Paniagua, dará um tempo de um ano ao novo regime. Essa trégua servirá para que García execute seu programa de governo e possa lançar as bases do que fará nos próximos cinco anos, acrescentou.
O presidente da Confederação Nacional das Instituições Empresariais Privadas, José Miguel Morales, concordou com a trégua para os primeiros meses de governo.
"Só não podemos dar tempo para a pobreza e nesse sentido acredito que devemos nos reunir para ver como resolver ou pelo menos iniciar um processo para reduzir a pobreza de forma constante", sublinhou.
A Confederação Geral de Trabalhadores do Peru (de esquerda), no entanto, decidiu "pelo menos nesse momento não dar trégua" ao próximo governante, disse Olmedo Auris, vice-presidente da entidade.
Auris advertiu que o próximo governo poderá ter convulsões sociais se não atender às demandas urgentes dos setores mais pobres, pois o Peru é um país "extremamente dividido e fraturado".
O candidato derrotado Ollanta Humala se reuniu com seus principais colaboradores para estudar a estratégia a seguir depois da convocação, na noite de domingo, de partidos de esquerda, organizações sociais e sindicatos para formar uma frente nacionalista, democrática e popular.