A França criticou o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) por seus comentários a respeito do programa nuclear iraniano, afirmando que Paris apoiará queixas americanas contra ele por sugerir que Teerã poderia manter parte de seu programa de enriquecimento de urânio. Autoridades dos Estados Unidos pediram que aliados apóiem um protesto formal contra Mohamed ElBaradei, dizendo que seus comentários poderão prejudicar esforços do Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU) para pressionar Teerã quanto ao programa nuclear desenvolvido pelo país.
"De fato, ficamos surpresos com diversos comentários do senhor ElBaradei durante o fim de semana", disse o porta-voz da chancelaria francesa, Jean-Baptiste Mattei. "Compartilhamos o espírito das preocupações expressadas por nossos parceiros americanos - juntamente com diversos outros parceiros, aliás", comentou. Ao longo das últimas semanas, ElBaradei tem dito, em público, acreditar ser tarde demais para forçar Teerã a abandonar o enriquecimento de urânio, tal como exige o Conselho de Segurança, e defendeu, em vez disso, a implementação de inspeções para garantir que o programa não alcance escala industrial.
"Posso confirmar que nosso representante em Viena tomará parte na iniciativa americana", disse Mattei, referindo-se à capital austríaca, onde fica sediada a AIEA, uma agência subordinada à ONU. Mattei também condenou a divulgação, por ElBaradei, de informações que teriam sido levantadas pelos serviço francês de espionagem. "Além disso, o diretor-geral da AIEA citou, em um de seus pronunciamentos públicos, análises dos serviços de inteligência franceses sobre o tempo que o Irã precisaria para ter acesso a uma arma nuclear", disse o chanceler. "Não temos o hábito de publicar análises de inteligência nacional, muito menos por meio de uma organização internacional", repreendeu.