O furacão Dean, que já matou nove pessoas no Caribe, chegou na segunda-feira a balneários mexicanos, ameaçando uma faixa litorânea que ainda se recupera do ciclone Wilma, há dois anos.
Dezenas de milhares de turistas estrangeiros fugiram da "Riviera Maia" uma região com praias de areia branca e mar cristalino um pouco ao norte da rota do Dean.
Aproximando-se da península de Yucatán com ventos regulares em torno de 240 quilômetros por hora, o Dean deve atingir a categoria 5, o topo da escala, e chegará ao litoral na madrugada de terça-feira, segundo o Centro Nacional de Furacões dos EUA.
No fim de semana, ele já provocou chuvas e ventos fortes na Jamaica, onde estradas ficaram interditadas pela queda de postes e árvores.
"Um [furacão] da categoria 5 é horrível, já passamos por um", disse Marcos Ruiz, 31 anos, funcionário do Departamento de Turismo de Tulum, México, referindo-se ao Wilma. "O vento é tão forte que não dá para respirar. Estamos muito assustados."
Tulum, que recebe muitos turistas europeus, está particularmente em risco porque seus sofisticados hotéis são construídos junto a grandes praias.
Rádios locais transmitem alertas também em idioma maia, para a população nativa que não fala espanhol.
Cerca de 55 mil turistas fugiram de Cancún no fim de semana, mas o balneário desta vez não deve ser muito atingido, ao contrário de 2005.
Na ilha de Cozumel, importante destino para mergulhadores, vitrines de lojas e restaurantes foram vedadas com madeiras, conforme os ventos vão ganhando força.
Os últimos modelos feitos por computador indicam que o Dean vai cruzar a península do Yucatán, entrar na baía de Campeche e então atingir o centro do México. A costa sul dos EUA deve ser poupada.
A ONU disse que nove pessoas já foram mortas pelo furacão, sendo quatro no Haiti. Esse é o primeiro furacão da temporada de 2007.
A Pemex (estatal mexicana do petróleo) anunciou a suspensão do embarque de petróleo bruto no porto de Dos Bocas.
Na segunda-feira, o olho da tempestade passa cerca de 200 quilômetros a sudoeste das pequenas ilhas Cayman (possessão britânica no oeste do Caribe). Belize, um país anglófono com 250 mil habitantes, também está na sua rota.
As autoridades jamaicanas disseram que 300 mil pessoas ficaram desabrigadas. Não há mortes confirmadas no país, mas um homem desapareceu depois que sua casa foi atingida por árvores. Dois homens foram baleados quando tentavam saquear uma empresa em Kingston, a capital, segundo a policia.
Furacões da categoria 5 são raros, mas em 2005 houve quatro deles, inclusive o Katrina, que devastou Nova Orleans. Alguns pesquisadores dizem que o aquecimento global pode contribuir com a intensificação dos furacões. (Reportagem adicional de Pepe Cortazar em Cancún, Ed Stoddard em Cozumel, Michael Christie e Tom Brown em Miami e Carlos Barria e Carole Beckford em Kingston)