O governo boliviano anunciou que "não dará um passo a trás" em seu programa energético e não expropriará campos explorados por empresas estrangeiras, depois do confronto entre civis e militares pelo controle de uma planta da empresa Transredes - que conta com a participação da anglo-holandesa Shell - em Camiri, um dos principais distritos petroleiros no sul do país.
"Ações como a de ontem significam um duro golpe à imagem de confiança que estamos trabalhosamente recuperando depois da assinatura de novos contratos com petroleiras estrangeiras. A política do governo não contempla a expropriação de campos marginais", disse ontem à noite o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana.
Os moradores de Camiri tentaram sem sucesso ocupar novamente a planta da Transredes, quatro horas depois do Exército retirar as pessoas que haviam ocupado o local na sexta-feira. Os cidadãos desta cidade exigem a "nacionalização efetiva" da indústria petrolífera, que o governo reverta ao Estado 14 campos petroleiros considerados marginais, 11 deles explorados pelas companhias Chaco e Andina e que recupere duas refinarias administradas pela Petrobras.
O ministro Quintana destacou que "estas ações, provocadas por demandas extremistas, prejudicam o processo de nacionalização de hidrocarbonetos que tem um programa fixo e que será mantido".