Um painel investigativo iniciou hoje um inquérito sobre a participação da Grã-Bretanha na invasão e na ocupação do Iraque. Nesta terça-feira começaram a ser colhidos depoimentos de testemunhas. Críticos da guerra esperam que a apuração cause constrangimento ao ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair e exponha o que consideram mentiras usadas para justificar a invasão do país árabe.
O inquérito iniciado hoje é o mais abrangente já realizado por alguma das nações envolvidas na invasão e na ocupação do Iraque. A expectativa é a de que sejam apuradas acusações segundo as quais Blair teria endossado os planos de guerra do então presidente norte-americano George W. Bush, cerca de um ano antes de o Parlamento autorizar o envolvimento britânico no conflito.
O painel investigativo iniciou a audiência com um minuto de silêncio pelos mortos na guerra iniciada em 2003. Os investigadores colherão, no decorrer dos próximos meses, os depoimentos de dezenas de participantes dos círculos de decisão na época que antecedeu o conflito, entre elas Blair e oficiais do alto escalão do Exército e dos serviços secretos. Ex-funcionários da Casa Branca também serão consultados na busca por evidências.
Familiares de soldados mortos e ativistas contrários à guerra pedem há anos uma ampla investigação da participação britânica na guerra, mas têm manifestado temores de que o inquérito pouco contribua para esclarecer os questionamentos em torno da participação do país.
Sem culpadosO painel de investigadores, indicado pelo atual primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Gordon Brown, não apontará culpados nem determinará responsabilidades cíveis ou criminais, limitando-se a apresentar reprimendas e recomendações para que os erros não se repitam no futuro.
Documentos secretos vazados para a imprensa e publicados no domingo revelaram que o alto escalão militar britânico já realizava planos para a guerra muitos meses antes da invasão, ocorrida em março de 2003, mas os esboços eram tão precários que as tropas foram para o conflito mal preparadas e mal equipadas.
Blair foi o principal apoiador de Bush para invadir o Iraque em busca de armas de destruição em massa, que nunca foram encontradas. Para justificar a guerra, ambos se basearam em documentos e informações obtidas pelos serviços de espionagem que mais tarde se mostraram defasados ou exagerados. Desde março de 2003, quando forças estrangeiras lideradas pelos Estados Unidos invadiram o Iraque, dezenas de milhares de pessoas morreram em episódios de violência. A maioria, civis iraquianos.