O assassinato do ex-primeiro-ministro libanês Rafik al-Hariri, em fevereiro de 2005, foi cometido devido às suas atividades políticas, e um tribunal especial deveria ser criado para julgar os suspeitos, disse na quarta-feira o chefe de um inquérito da ONU.
O belga Serge Brammertz afirmou ao Conselho de Segurança que, quando estiver concluída a sua investigação, o próximo passo será entregar os resultados ao tribunal especial a ser criado -- o que ainda é objeto de polêmica em Beirute.
"Sem esse passo, será complicado ou difícil justificar mesmo a existência da comissão (de inquérito)", afirmou ele posteriormente a jornalistas.
Brammertz disse que a investigação se concentrou nos fatores que "criaram o ambiente no qual surgiu a intenção de matar Hariri", que se opunha à dominação síria no Líbano.
"Eles incluem: a adoção da resolução 1559 e as implicações da sua implementação, a prorrogação do mandato do presidente (Émile) Lahoud, a dinâmica entre Hariri e outros partidos e líderes políticos no Líbano, Síria e outros países, e os preparativos para as eleições parlamentares marcadas para maio de 2005", afirmou o investigador ao Conselho.
A resolução 1559, aprovada em setembro de 2004, exigia a retirada das forças estrangeiras da Síria e o desarmamento da milícia local. A Síria só retirou suas tropas depois da indignação internacional que se seguiu ao atentado que matou Hariri e 22 outras pessoas.