Três atentados em Bagdá e Kirkuk, no norte do Iraque, deixaram 64 mortos, entre os quais dezenas de xiitas, na manhã deste domingo, um dia após as primeiras reuniões da comissão de reconciliação nacional iraquiana.
Cerca de 195 pessoas foram feridas nestes ataques, além de cinco que morreram em atos de violência na região de Baaquba (60 km norte de Bagdá).
Corpos dilacerados jorram sangue: um atentado suicida com um microônibus no mercado Jamila de Sadr City, o bairro xiita de Bagdá, repercutiu em toda a capital iraquiana pela violência da explosão, que deixou 34 mortos e 73 feridos.
"O camicase não visava a polícia. Ele queria fazer o maior número de vítimas possíveis", declarou um policial à AFP. "Foi um atentado suicida. Um homem estacionou seu microônibus no meio de uma rua movimentada, perto de uma área de segurança de um posto de polícia, onde as pessoas se reúnem a espera de trabalho", acrescentou.
Segundo vários testemunhos, o microônibus estacionado no meio do mercado explodiu lançando várias pessoas pelos ares. Após a explosão, o chão ficou forrado de corpos de mulheres e crianças e vários feridos.
Duas horas mais tarde, um outro atentado, a bomba, matou oito pessoas e feriu 20 em frente ao conselho municipal de Sadr City.
O duplo ataque de Sadr City é o quarto atentado desta dimensão contra a comunidade xiita em uma semana em todo o Iraque (25 em Touz Khormatou, 54 em Kufa, 48 em Mahmoudiya). E é o maior em Bagdá desde o 1º de julho, data em que 66 pessoas morreram na explosão de um carro-bomba, também num mercado de Sadr City.
O exército iraquiano fez ronda na manhã deste domingo em Sadr City para deter dois homens suspeitos de integrar "esquadrões da morte" xiitas, que realizam seqüestros e execuções sumárias de sunitas, sempre em represálias a atentados como os deste domingo.
Em Kirkuk (250 km a norte de Bagdá), 22 pessoas morreram e 100 foram feridas às 12H30 local (05H30 de Brasília) em frente ao tribunal num atentado com carro-bomba com "uma tonelada de explosivos e várias outras bombas", segundo o general Borhane Habib Tayeb, chefe da política da cidade. Entre os feridos 18 terão de ser operados.
A explosão foi particularmente violenta, atingindo inclusive pessoas no terceiro andar do edifício, nesta cidade de diversas etnias onde as tensões entre árabes, turcomanos e curdos são fortes.
De acordo com as testemunhas, muitos advogados e policiais e também pessoas que estavam indo ao tribunal para tratar assuntos pessoais estão entre as vítimas.
Sábado, sete operários xiitas que trabalham em uma casa em construção de Bagdá foram mortos por grupos armados.
Em Moqdadiya (100 km a norte de Bagdá), os corpos de quatro xiitas seqüestrados na véspera foram encontrados neste domingo.
Na região de Kirkuk, num setor localizado a oeste de Hawija e Riyadh, os exércitos americano e iraquiano concluíram uma operação de dez dias em busca de "terroristas da Al-Qaeda".
O balanço termina com a detenção de 154 suspeitos e 350 fuzis apreendidos, de inúmeras armas e do material destinado à fabricação de bombas.
O primeiro-ministro, Nuri al-Maliki, um xiita, condenou os atentados que "fazem vítimas inocentes" e "prometeu punir os assassinos".