O Irã se mostrou disposto - sob condições rígidas - a suspender por dois meses suas atividades de enriquecimento de urânio, informaram fontes diplomáticas nesta segunda-feira, à margem de uma reunião da Agência Internacional da Energia Atômica (AIEA), em Viena.
A oferta foi considerada insuficiente pelos Estados Unidos, que continuam pedindo sanções do Conselho de Segurança da ONU. No entanto, o diretor-geral da AIEA, Mohammed ElBaradei, ressaltou que "a negociação continua sendo a melhor opção".
Durante as negociações deste fim de semana, em Viena, para tentar retomar o diálogo e evitar sanções, o chefe dos negociadores iranianos, Ali Larijani, propôs ao alto representante da União Européia (UE) para a política externa, Javier Solana, "uma suspensão de dois meses" do enriquecimento de urânio, segundo diversas fontes.
No entanto, especificou um diplomata ocidental à AFP, Larijani apresentou a Solana "uma extensa lista de demandas, que inclui uma suspensão das atividades contra o Irã no Conselho de Segurança da ONU, uma recuada total sobre as sanções e o reconhecimento do direito do Irã de dispor da tecnologia do combustível nuclear em seu território".
"Tudo isso depende de muitas condições", declarou este diplomata, considerando que a posição dos iranianos não mudou.
"Continuo achando que a negociação é a melhor opção para uma solução duradoura", declarou ElBaradei à imprensa minutos antes do início de uma reunião do Conselho dos governadores da AIEA, que deve durar três dias.
Elogiando "o prosseguimento do diálogo", ElBaradei disse esperar que Larijani e Solana consigam "chegar a um acordo para retornar à mesa de negociações". Porém, resta pouco tempo para alcançar esse objetivo.
O diretor da AIEA reiterou suas críticas contra Teerã. "A comunidade internacional está preocupada com o descumprimento pelo Irã das exigências formuladas pelo Conselho dos governadores e pelo Conselho de Segurança da ONU" sobre a suspensão, afirmou.
"O Irã tem que cooperar com a AIEA para esclarecer questões não resolvidas sobre a transparência de suas atividades nucleares e a amplitude das mesmas".
Segundo uma fonte européia, Solana sugere que os seis grandes países envolvidos (Estados Unidos, França, China, Rússia, Grã-Bretanha e Alemanha) iniciem negociações de cerca de três meses com os iranianos.
Em troca, Teerã suspenderia, pelo menos até o fim das negociações, o enriquecimento de urânio.
Washington pede que sanções sejam discutidas rapidamente em Nova York, já que o Irã ignorou a data limite fixada pela resolução 1696 do Conselho de Segurança.
O embaixador dos Estados Unidos na AIEA, Gregory Schulte, declarou a jornalistas pela manhã que uma suspensão do enriquecimento de "um mês ou dois seria bem-vinda", mas claramente insuficiente. "A suspensão deve ser mantida durante todas as negociações, e o Irã deve programar a natureza pacífica de seus programas", destacou.
"Enquanto o Irã não se conformar à resolução 1696, defenderemos a aplicação de sanções no Conselho de Segurança", disse Schulte.