O Parlamento iraniano aprovou nesta quarta-feira uma lei que obriga o governo a revisar a cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), após a adoção de sanções da ONU contra a república islâmica.
Os deputados aprovaram o princípio do texto e depois o conteúdo da lei com mais de 160 votos favoráveis entre os 203 representantes presentes.
O texto também estipula que "o governo tem o dever, depois da aprovação da resolução 1737 (do Conselho de Segurança da ONU) de acelerar o programa nuclear".
A legislação deixa ao governo a decisão sobre como revisar a cooperação com a AIEA.
"É preciso deixar às autoridades executivas a interpretação deste texto, ou seja, ao ministério das Relações Exteriores e ao Conselho Supremo de Segurança Nacional", declarou o vice-chanceler Hamid Reza Assefi, que defendeu o projeto ante os deputados em nome do governo. O presidente do Parlamento, Gholam Ali Hadad Adel, explicou que isto pode compreender o abandono do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) ou continuar no mesmo. "Deixamos o governo de mãos livres para que tome as decisões".
No entanto, Hadad Adel afirmou que o Irã não tem a intenção de abandonar a AIEA nem o TNP. Para ele, o governo deve reagir de acordo com as pressões internacionais.
O Conselho de Segurança da ONU aprovou no dia 23 de dezembro a resolução 1737, que inflige sanções ao Irã pela recusa do país em suspender as atividades de enriquecimento de urânio.
Um deputado reformista, Nurredin Pirmoazen, pediu moderação, por considerar que "a rejeição da resolução significa que haverá uma resolução ainda mais dura dentro de dois meses".
O diretor-geral da AIEA, Mohamed ElBaradei, deve apresentar um relatório - 60 dias depois da adoção da resolução 1737 - para mostrar se o Irã respeita ou não a exigência de suspensão do enriquecimento de urânio.
Um deputado conservador, Ebrahim Karjani, disse que "nenhum país renuncia a seus direitos legítimos sob ameaças".