Alan Johnston, o jornalista da BBC libertado ontem após 114 dias de seqüestro, viajou hoje à Cisjordânia para agradecer ao presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, e ao povo palestino, por seu apoio durante os dias de cativeiro na Faixa de Gaza. Johnston foi libertado após o grupo político rival de Abbas, o Hamas, pressionar os seqüestradores do jornalista a libertá-lo. O Hamas - que tomou o controle de Gaza em 14 de junho após cinco dias de combates com as forças de segurança ligadas ao partido laico Fatah, de Abbas - reivindicou o crédito pela libertação. Também disse que ela era um sinal de que o grupo tem condição de impor a lei e a ordem no território e a comunidade internacional precisa dialogar com ele.
"Eu tinha um rádio e sei o quanto os palestinos trabalharam aqui para obter minha libertação", disse Johnston a Abbas. Ontem, o correspondente contou que o velho rádio era sua única ligação com o mundo durante os dias em que esteve confinado em Gaza e uma fonte de conforto quando ele ouvia as notícias sobre os esforços para libertá-lo. Durante o encontro em Ramallah, do qual também participaram o assessor presidencial Yasser Abed Rabbo, e o negociador-chefe palestino, Saeb Erekat, Abbas disse a Johnston que "esse tipo de ação (o seqüestro) prejudica a todos os palestinos". Ele também disse as forças de segurança palestinas estão comprometidas em fazer com que a lei e a ordem sejam cumpridas e respeitadas.
O pouco conhecido Exército do Islã, que seqüestrou Johnston, divulgou um comunicado hoje dizendo que o Hamas concordou em permitir que o grupo mantenha suas armas como parte do acordo para libertar o repórter. O comunicado diz que as armas serão usadas para "a guerra santa contra os judeus, os cruzados e seus aliados, os renegados", em uma aparente referência às forças leais ao Fatah.