A Justiça chilena condenou dois ex-oficiais da Força Aérea do Chile (FACH) por terem torturado 17 civis e mais de 40 membros da instituição no início da ditadura de Augusto Pinochet, informaram hoje fontes judiciais.
Entre os oficiais torturados estava Alberto Bachelet Martínez, pai da atual presidente chilena, Michelle Bachelet. Ele morreu por causa das torturas que sofreu.
O juiz Juan Eduardo Fuentes Belmar condenou os ex-oficiais Edgar Cevallos Jones e Ramón Cáceres Jonquera a 541 dias de reclusão noturna por tormentos ou rigor desnecessário com lesões graves.
Jonquera recebeu o benefício da liberdade condicional.
Os dois ex-oficiais da FACH torturaram 17 opositores do regime militar, detidos na Academia de Guerra Aérea (AGA) entre 11 de setembro de 1973, dia do golpe militar de Pinochet, e janeiro de 1975.
Cevallos Jones terá que pagar uma indenização de 10 milhões de pesos (US$ 19.230) a cada uma das vítimas, por danos morais. Mas o tribunal rejeitou uma ação que cobrava a responsabilidade do Estado chileno nos casos.
Os dois oficiais também foram responsabilizados por torturar mais de 40 ex-membros da FACH que se opuseram ao golpe militar. Entre eles estavam o pai da atual governante, o coronel da reserva Carlos Ominami, pai do senador socialista do mesmo nome, e o atual subsecretário de Aviação, Raúl Vergara.
Segundo a sentença, a partir de 11 de setembro de 1973 membros da FACH detiveram diversos militares para investigação por "supostas ações contrárias ao Governo militar, como também civis que teriam sido apontados como pertencentes a grupos de tendências de esquerda ou contrários ao regime militar".
Bachelet Martínez morreu em 12 de março de 1974 na ex-Prisão Pública como conseqüência das torturas e maus-tratos que sofreu durante sua detenção.
Esta é a primeira condenação por crime de tortura cometido num recinto da FACH.
No Chile há 573 militares implicados em casos de violações aos direitos humanos, em sua maioria na reserva.