O presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo, e seu vice, Federico Franco, afirmaram hoje que respeitarão a propriedade privada com o objetivo de acalmar setores empresariais que temem confiscos, nacionalizações de empresas ou invasões. Em declarações ao portal de internet da Associação Rural do Paraguai (ARP), Lugo indicou que realizará uma reforma agrária, embora "sem confiscos de terras produtivas".
Lugo, bispo com funções atualmente suspensas pelo Vaticano, foi eleito no domingo com 41% dos votos. Ele comanda a Aliança Patriótica pela Mudança (APC, na sigla em espanhol), uma coalizão que reúne setores da extrema esquerda com partidos de centro-direita. Os analistas destacam que, embora Lugo tenha uma base política formada por movimentos de sem-terra e grupos socialistas, o partido de seu vice, o conservador Partido Liberal Radical Auténtico (PLRA), inclinará o governo para o centro.
O próprio Lugo evita ser comparado com os governos dos presidentes Hugo Chávez, da Venezuela, e Evo Morales, da Bolívia, que nos últimos anos realizaram estatizações e intervieram em propriedades privadas. Lugo ressaltou que seu governo será similar ao do presidente uruguaio Tabaré Vazquez, um socialista moderado. "Ninguém vai invadir as terras de pessoa alguma", destacou Federico Franco, vice de Lugo. Franco, um conservador, sustentou que os latifúndios improdutivos terão de pagar um imposto extra, já que "ninguém pode ter uma terra que fique improdutiva".
O atual Ministro da Economia, Cesar Barreto, do governo do presidente Nicanor Duarte Frutos, declarou que o triunfo de Lugo nas eleições presidenciais não afetará o desempenho econômico. Alberto Soljanic, presidente da ARP, anunciou que apoiará o governo Lugo "se respeitar as leis, a Constituição e a propriedade privada". Sem sutilezas, o líder agropecuário sustentou que "gostemos ou não, o povo decidiu que ele será o presidente".