Chega a 73 o número oficial de mortos nos dois ataques realizados hoje por mulheres-bomba em dois populares mercados de animais de Bagdá. A polícia iraquiana disse que as mulheres tinham síndrome de Down e os explosivos foram detonados por controle remoto. O ataque, atribuído à Al-Qaeda, foi o mais mortífero desde que os EUA enviaram 30 mil soldados extras à capital seis meses atrás. A secretária americana de Estado, Condoleezza Rice, disse que o uso de mulheres com problemas mentais como suicidas prova que a Al-Qaeda é "o movimento mais brutal e falido" e só fortalecerá a determinação iraquiana de combater o terrorismo.
O embaixador dos EUA no Iraque, Ryan Crocker, também enfatizou o fato de os terroristas terem recorrido a mulheres com síndrome de Down. Segundo ele, "isso mostra que a Al-Qaeda encontrou um modo diferente e mortífero" para tentar desestabilizar o Iraque. "Não há nada que eles não façam para causar uma carnificina e uma crise política." De acordo com o porta-voz do Exército iraquiano, general Qassim al-Moussawi, a nova tática adotada pela Al-Qaeda nos atentados de hoje seria um indício de que o grupo não tem pessoas dispostas a se tornarem suicidas.
O primeiro ataque ocorreu às 10h20 locais (7h20 de Brasília) no mercado central Al-Ghazil. O mercado foi várias vezes alvo de atentados desde a invasão liderada pelos EUA, em março de 2003, mas recentemente voltou a ser um dos mais populares de Bagdá. Policiais e funcionários de hospitais disseram que 46 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas nesse ataque.
Cerca de 20 minutos depois, uma segunda mulher-bomba explodiu em outro mercado de animais, o Nova Bagdá, em uma área de maioria sunita no sudoeste da capital. O atentado matou 27 pessoas e deixou 67 feridos, disse a polícia. Segundo uma testemunha, a mulher disse que tinha pássaros para vender e quando várias pessoas se aproximaram para olhar os animais os explosivos foram detonados, com o uso de celulares.
Comandantes americanos destacaram hoje que nos últimos meses os grupos militantes têm usado em seus atentados mais suicidas do que carros-bomba, pois eles têm mais facilidade para passar nas barreiras. O mercado de Al-Ghazil é fechado à maioria dos veículos por barreiras de concreto. O de Nova Bagdá é protegido por guardas e cercas de arame farpado, mas não tem barreiras de concreto. O número de ataques em todo o Iraque caiu drasticamente desde junho, cerca de 60%, permitindo que os iraquianos voltassem a freqüentar mercados e restaurantes. O declínio foi atribuído ao aumento das tropas americanas em Bagdá e a um maior número de sunitas nas forças de segurança. Segundo o governo iraquiano, 466 iraquianos morreram de forma violenta em janeiro, uma redução de 76% em relação ao ano passado.