Uma mulher sunita que acusou três policiais xiitas de a terem estuprado foi atendida no último fim de semana em um hospital de campanha do Exército dos Estados Unidos no Iraque, revelou hoje o general William Caldwell, porta-voz do comando militar americano no país árabe. Sob a alegação de proteger a privacidade da vítima, Caldwell recusou-se a revelar detalhes do tratamento médico ao qual ela foi submetida ou dos exames pelos quais passou.
"O que eu posso dizer a vocês é que em um momento da noite de domingo uma mulher iraquiana foi trazida a um de nossos hospitais de campanha. Ela foi colocada sob os cuidados de nossos médicos e recebeu alta em algum momento da manhã de segunda-feira", declarou o general.
Caldwell também disse aos jornalistas que o general David Petraeus, comandante das forças americanas no Iraque, ordenou uma investigação sobre o caso, denunciado ontem por emissoras árabes de televisão. "Uma vez que o governo iraquiano tomar sua decisão sobre como seguir adiante, tornaremos as informações obtidas durante nossas investigações imediatamente disponíveis", declarou Caldwell.
DemissãoOs comentários do porta-voz militar americano no Iraque ocorreram horas depois de o primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki, ter demitido Ahmed Abdul-Ghafour al-Samaraie, diretor de um grupo de fomento sunita que exigia uma investigação internacional do caso. Maliki também exonerou os três policiais acusados pela mulher e disse que os três serão recompensados como sinal da confiança que as forças de segurança depositam neles.
A mulher de 20 anos diz ter sido agredida no domingo em uma guarnição militar para onde foi levada após suspeitarem que ela ajudava insurgentes no país. A assessoria de imprensa de Maliki divulgou um laudo médico ordenado pelo governo segundo o qual não havia sinais de violência sexual. Al-Maliki alega que as acusações foram feitas para que as forças de segurança percam credibilidade.
Por meio de um comunicado, Al-Samaraie denunciou que as acusações de estupro refletem algumas falhas no programa de segurança que foi estruturado para proteger os civis. "O Grupo Sunita de Fomento condena nos mais duros termos este crime horrível e pede a ajuda da comunidade internacional e dos defensores dos direitos humanos para que iniciem imediatamente uma investigação", declarou.
O suposto laudo dos exames realizados na vítima pelo governo iraquiano foi enviado a jornalistas pela assessoria de imprensa de Maliki. A cópia do documento foi enviada em mensagem de correio eletrônico e continha apenas a segunda das três páginas do laudo. Não apareciam em nenhum momento a identidade ou detalhes pessoais da vítima. Segundo a perícia médica, não havia escoriações nem ferimentos.