Em igrejas e bares, nas ruas e nas casas, os afro-americanos comemoraram com lágrimas e gritos de júbilo a histórica vitória de Barack Obama na eleição presidencial dos Estados Unidos, na terça-feira. Em Nova York, pessoas de todas as raças lotaram as ruas numa caminhada da Broadway e da Universidade de Columbia até o escritório de campanha de Obama aos gritos de "O-ba-ma".
Os eleitores do presidente eleito também dirigiram seus carros em festa pelas ruas de Washington durante horas, buzinando e festejando. Uma multidão de milhares de pessoas se concentrou do lado de fora dos portões da Casa Branca para comemorar madrugada a dentro.
Em Atlanta, milhares de pessoas participaram de uma vigília no túmulo do líder negro Martin Luther King, que foi assassinado depois de lutar pelos direitos civis nas décadas de 1950 e 60. Os negros da cidade lotaram a igreja Batista Ebenezer, onde King pregou. Um coral gospel fazia o acompanhamento para dois telões que exibiam os resultados, e a vitória foi muito celebrada com uma gritaria ensurdecedora.
Os negros representam cerca de 13 por cento da população dos EUA, e estima-se que mais de 90 por cento deles tenham votado em Obama, que será o primeiro negro a governar os Estados Unidos. "Na noite anterior ao assassinato de King, ele disse: 'eu estive no alto da montanha, olhei o horizonte e vi a terra prometida. Talvez eu não chegue lá com vocês", disse o pastor Raphael Warnock. "Hoje nós conquistamos a promessa da América."
Em Chicago, o reverendo Jesse Jackson esteve entre uma multidão de dezenas de milhares de pessoas que comemoravam a vitória de Obama. Jackson, que tentou duas vezes a Presidência dos EUA, não conteve as lágrimas que escorreram pelo rosto. Ele testemunou o assassinato de King, há 40 anos, em Memphis. "Martin Luther King deu a sua vida para que um homem de cor pudesse ser presidente ou uma mulher pudesse ser vice-presidente", disse o ativista Al Sharpton, referindo-se à derrotada candidata republicana a vice, Sarah Palin.
"O sonho era não só chegar a um lugar elevado. Era usar um lugar exaltado para ajudar a todos", disse Sharpton, parafraseando o famoso discurso "Eu tenho um sonho", proferido em 1963 por Martin Luther King.