O novo presidente do júri que conduz o julgamento do presidente iraquiano deposto Saddam Hussein expulsou o ex-ditador do recinto em uma tumultuada audiência marcada pelo boicote dos advogados de defesa. "Eu reivindico aqui que não quero ficar mais nessa jaula", disse Saddam, referindo-se ao tribunal. Saddam exibiu um bilhete amarelo ao se dirigir ao juiz Mohammed Oreibi al-Khalifa.
Khalifa respondeu: "Eu sou o presidente do júri e decido sobre sua permanência aqui". A seguir, ordenou aos guardas: "Tirem-no daqui". A discussão começou quando Sabri al-Douri, diretor dos serviços secretos militares durante o regime de Saddam, dirigiu-se a outro réu, Sultan Hashim Ahmad al-Tai, por sua antiga patente de general.
O juiz então proibiu os réus de dirigirem-se uns aos outros pela patente a eles outorgada durante o regime deposto. Irritado, Saddam pediu para sair e o juiz ordenou aos guardas que o retirassem. Saddam e outros seis réus são julgados desde 21 de agosto por suposta participação no genocídio de dezenas de milhares de curdos ocorrido durante uma operação militar contra grupos guerrilheiros deflagrada no crepúsculo da Guerra Irã-Iraque (1980-1988).
Mais tarde, Douri e outro réu, Farhan Mutlak Saleh, outro ex-membro dos serviços secretos, queixaram-se dos deputados indicados pela corte para defendê-los e questionaram a imparcialidade da corte. Khalifa disse a Saleh que os advogados terão tempo para consultar os réus e elaborar uma estratégia de defesa. Três testemunhas foram ouvidas pela corte hoje. Depois de algumas horas de depoimentos, o juiz declarou recesso até amanhã.