Cabul - Um grupo de 29 ONGs com presença no Afeganistão
solicitou nesta sexta-feira, 19, à Otan que tome medidas urgentes para a
proteção dos civis atingidos pelo conflito, no marco de seu plano de
passar a segurança ao Governo do país asiático.
A chamada
coincide com a realização, entre sexta-feira e sábado em Lisboa, da
cúpula de chefes de Governo na Otan, para discutir, entre outras coisas,
o plano de transição elaborado pelo general responsável pela missão no
Afeganistão, David Petraeus.
A Otan pretende aumentar a formação e
os efetivos das forças afegãs para que a transição da segurança e da
ordem no país seja feita progressivamente, mas as organizações de ajuda
alertaram nesta sexta-feira do impacto que isso poderá ter para a
população civil.
"Há um grave risco de abusos generalizados, que
podem ir desde roubos e extorsões até torturas e assassinatos
indiscriminados", afirmam as organizações no relatório, intitulado "Sem
saída. Fracasso na proteção da população civil no Afeganistão".
"Nem
o Exército nem a Polícia afegãs dispõem de formação suficiente, e os
sistemas de comando são débeis. Não há mecanismos eficazes para
investigar e processar os supostos abusos cometidos pelas forças de
segurança afegãs", acrescentam.
O ano de 2010 foi o mais
sangrento para a população civil do Afeganistão desde o início da
ocupação do país, em 2001. Segundo dados das Nações Unidas, entre
janeiro e junho deste ano morreram 1.271 pessoas, 21% a mais que no
mesmo período do ano passado.
O relatório foi assinado por
organizações como Oxfam, Ajuda em Ação e Comissão Afegã Independente de
Direitos Humanos (AIHCR, pela sigla em inglês), que pedem à Otan para
"fazer mais para reduzir os danos à população civil".
O grupo
também solicita que a organização abandone as chamadas "iniciativas de
defesa da comunidade", que consistem em apoiar milícias locais para
lutar contra os talibãs.