Os imigrantes latino-americanos na Espanha estão vivendo em condições equivalentes a das favelas brasileiras. O alerta é do relator especial da ONU para Moradia, Miloon Khotari. Em seu relatório apresentado às Nações Unidas sobre a situação espanhola, o especialista destaca que os imigrantes sofrem discriminações no país e ainda podem ser presos por serem sem-teto. Os subúrbios de Madri e Barcelona estariam repletos desses casos de imigrantes sem teto, entre eles africano e árabes, além dos latino-americanos.
"A situação é muito séria para os imigrantes", alertou Khotari, que visitou uma série de bolsões de pobreza na Espanha para produzir os relatórios. "Vi pessoas vivendo em barracas, com sacos plásticos para fugir da chuva", disse. Um dos principais problemas é o de Almeria, El Ejido e Roquetas de Mar, em Andaluzia. "Vimos gente vivendo em locais de obras ou mesmo em prédios não concluídos", disse. "As condições de moradia não são adequadas e se equiparam às das favelas", afirmou.
Em 2003, a ONU já havia sugerido ao governo da Espanha que criasse moradias subsidiadas para os imigrantes de baixa renda, além de lutar contra o racismo xenofobia. "Infelizmente, há pouca evidência de que essas recomendações estão sendo implementadas", afirmou Khotari. No total, a Espanha soma cerca de 22 mil sem-teto. "O que ganham não é suficiente para conseguir uma moradia, mas o governo também não reconhece a situação crítica em que esses imigrantes estão", alertou.
Khotari afirmou não ter visto especificamente a população brasileira. "Mas se eles estão entre os imigrantes, certamente estão sofrendo essa realidade", alertou. O governo espanhol indicou que, ao lado de marroquinos e bolivianos, os brasileiros estão entre os que mais são deportados do país em 2007.