A cúpula de líderes da América do Norte chegou ao fim nesta segunda-feira, 10, na cidade mexicana Guadalajara sem grandes pronunciamentos, mas com o apoio ao livre-comércio e à cooperação em campos como tráfico de drogas, imigração, desenvolvimento de energias limpas e a pandemia da nova gripe.
Os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e do México, Felipe Calderón, e o primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, também reafirmaram que o presidente deposto hondurenho, Manuel Zelaya, deve concluir seu mandato na data prevista, janeiro de 2010.
A cúpula trilateral, que ocorre desde 2005, tinha o propósito de avaliar as conquistas e tarefas pendentes em torno de um amplo leque de temas.
No entanto, a chamada "narcoviolência", o comércio e a regulação de fluxos migratórios dominaram boa parte das discussões em Guadalajara.
Durante uma entrevista coletiva de quase uma hora, Obama reiterou o que já tinha antecipado na sexta-feira passada a alguns de imprensa de língua espanhola, quando disse esperar que uma minuta da reforma migratória esteja pronta até o final do ano para ser debatida em 2010.
No entanto, considerou que, ao final de seu recesso de agosto, o Congresso americano terá que trabalhar antes nas reformas na saúde, no setor de energia e no regime regulador dos bancos, nessa ordem.
Sobre a crise em Honduras, Obama criticou a "hipocrisia" dos que primeiro se queixam de que os EUA não intervieram o suficiente para restabelecer Zelaya no poder e que depois pedem que "os ianques saiam da América Latina".
Harper apoiou Obama ao acrescentar que "se fosse americano, estaria verdadeiramente cansado deste tipo de hipocrisia".
Calderón, por sua vez, afirmou que "a aposta para resolver a crise em Honduras deve ser o uso das instâncias internacionais e do direito internacional, além da intervenção de um só Estado, ou de uma só pessoa, para resolver um tema desta natureza".
Obama, Calderón e Harper apresentaram uma frente unida contra o protecionismo, e o presidente americano afirmou que a polêmica cláusula "Buy American", dentro do plano de estímulo econômico nos EUA, não prejudicou o multimilionário comércio com México e Canadá.
Quanto à recessão econômica, os três líderes se comprometeram, tanto na entrevista coletiva, quanto em comunicado conjunto, a uniformizar ações contundentes para disseminar o crescimento econômico pela América do Norte.
Obama reafirmou seu apoio à Iniciativa Mérida, que prevê o uso de ajuda financeira dos EUA no combate ao narcotráfico no México, e elogiou os esforços de Calderón no tema, apesar de o uso de militares na repressão aos crimes ligados ao tráfico de drogas ter despertado críticas de defensores dos direitos humanos.
"Confio em que, conforme a coordenação entre os militares e a Polícia melhore, haverá uma maior transparência e prestação de contas, e que os direitos humanos serão respeitados. Os maiores violadores dos direitos humanos agora, sem dúvida, são os cartéis, que sequestram, extorquem e incentivam a corrupção", afirmou Obama.
O presidente dos EUA acrescentou que seu Governo já começou o envio de recursos e equipes para o México dentro da Iniciativa Mérida, que prevê gastos de US$ 1,4 bilhão.
A violência ligada ao tráfico de drogas deixou mais de dez mil mortos no México desde 2006. O problema preocupa o Governo americano diante das informações de que traficantes mexicanos já estão presentes em 230 cidades dos EUA.
A reunião em Guadalajara serviu para preparar a próxima reunião do Grupo dos Vinte (G20, que reúne os países ricos e principais emergentes) em Pittsburgh (EUA) no mês que vem, onde os mecanismos para reformar as instituições financeiras multilaterais devem dominar a pauta de discussão.