Líder nas pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais de amanhã na Nicarágua, mas sem a margem necessária para vencer no primeiro turno, o sandinista Daniel Ortega diz que não é mais o mesmo revolucionário que os Estados Unidos tentaram derrubar no passado.
Ao som de John Lennon, o líder esquerdista passou a maior parte da campanha pregando "amor, harmonia e reconciliação". Segundo as últimas pesquisas, Ortega, de 60 anos, aparece com 33% das intenções de voto, seguido pelo liberal Eduardo Montealegre, 51 anos, que tem 22%. Ortega tem o apoio do presidente Venezuelano, Hugo Chávez, enquanto Montealegre conta com a simpatia do governo dos EUA.
É difícil prever se haverá ou não segundo turno, já que a atual legislação do país determina que vence no primeiro turno o candidato que tiver 35% dos votos válidos, além de cinco pontos percentuais de vantagem sobre o segundo colocado.
Diante de uma perspectiva de resultados bastante apertados, uma comissão eleitoral da União Européia que chegou à Nicarágua para acompanhar o processo recomendou o maior rigor possível na contagem voto a voto. "Se houver necessidade, há que se contar até duas vezes", declarou Claudio Fava, chefe da missão européia. Entre os observadores internacionais da eleição também estarão três ex-presidentes: Jimmy Carter (EUA), Alejandro Toledo (Peru) e Nicolas Ardito Barletta (Panamá).
Com uma população de 5,5 milhões de pessoas, a Nicarágua é o segundo país mais pobre do Hemisfério Norte, à frente apenas do Haiti. O país tem uma das piores distribuições de renda do planeta, com mais da metade da população vivendo com menos de US$ 1 por dia.