O governo do Iraque omitiu das Nações Unidas dados recentes sobre a violência no país, temendo que eles apresentassem um quadro sombrio que poderia minar os esforços das forças iraquianas e dos Estados Unidos para estabilizar a nação árabe, disseram autoridades da ONU. Num relatório, a Missão de Assistência da ONU no Iraque também expressou forte preocupação com a situação dos direitos humanos no país.O governo iraquiano considerou o relatório "impreciso" e "tendencioso", comprometendo a credibilidade da ONU.
A partir de pesquisas próprias, a ONU afirma em seu novo relatório que a violência sectária continua a ceifar a vida de um grande número de civis, sejam xiitas ou sunitas, na capital iraquiana, apesar de um novo plano de segurança elaborado pelos militares dos EUA para Bagdá e sendo implementado desde 14 de fevereiro. A ONU também denunciou detenções em massa na operação dos EUA e do governo do Iraque para pacificar a capital, com famílias inteiras sendo presas. Mais de 3 mil pessoas haviam sido detidas até o fim de março.
Pela primeira vez, informou a missão, seu relatório sobre a situação dos direitos humanos no Iraque não contém dados sobre os mortos na violência do país porque o governo se recusou a liberá-los, omitindo o que muitos vêem como um dos poucos indicadores confiáveis do sofrimento da população do país árabe.
Estimativas variamVariam muito as estimativas sobre o número de mortos desde a invasão americana do Iraque, em março de 2003. Num último estudo divulgado em janeiro, baseado em dados do Ministério da Saúde iraquiano, hospitais em todo o país e o Instituto Médico Legal de Bagdá, a ONU afirmou que 34.452 civis foram mortos no ano passado. Pesquisadores americanos e iraquianos, em trabalho publicado no respeitado The Lancet, jornal médico britânico, estimam que 600 mil civis iraquianos já morreram desde a invasão.
Num comunicado, o primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, afirmou que "a publicação desse relatório tendencioso (...) coloca a credibilidade do escritório da ONU no Iraque em risco e agrava a crise humanitária no Iraque, ao invés de resolvê-la".