O reverendo Jeremiah Wright, ex-pastor do senador Barack Obama, candidato democrata à Casa Branca, defendeu hoje seus sermões inflamados e acusou os meios de comunicação de reproduzirem de forma sensacionalista suas declarações. "O que causa divisão são as condições sociais dos negros, não minhas declarações." Em março, Wright tornou-se conhecido no país depois que seus sermões foram divulgados pela internet e noticiários de TV e chegaram a ser vendidos em DVD. Neles, o pastor afirma que os Estados Unidos são um país racista e que os negros, em vez da tradicional frase "Deus abençoe a América", deveriam dizer "Deus amaldiçoe a América".
Wright afirmou ainda que o governo dos EUA criou a aids para destruir os negros e que os ataques terroristas de 11 de Setembro foram uma retaliação à política externa norte-americana. "As galinhas criadas pelos EUA voltaram para ciscar em casa", disse ele em referência aos terroristas da Al-Qaeda. "Eu estava apenas citando o embaixador do Iraque", afirmou hoje o pastor, que disse que as frases dos sermões foram retiradas de contexto.
A polêmica atingiu em cheio a campanha de Obama, que freqüentou por 20 anos a igreja do reverendo e teve seu casamento e o batizado de suas filhas realizados por Wright. Em meio a uma acirrada disputa com a senadora Hillary Clinton, Obama reagiu logo em seguida, proferindo o já célebre discurso sobre a questão racial. O retorno do pastor à mídia pode voltar a ameaçar a candidatura de Obama. O próprio senador afirmou que o episódio "não ajuda em nada" sua campanha. "Ele é livre para dizer o que quiser", afirmou Obama. "Eu só queria deixar claro que ele é meu ex-pastor."
Hoje, Wright afirmou que entende o fato de Obama querer se distanciar de sua figura. "Se ele não fizer isso, perderá a disputa eleitoral dentro do partido", disse o reverendo. Enquanto o candidato republicano John McCain tentou capitalizar a volta da polêmica, criticando a ligação entre Wright e Obama, o senador democrata ganhou o apoio inesperado da campanha de Hillary. "Obama já disse o que tinha de dizer", afirmou Geoff Garin, estrategista-chefe da senadora. "É hora de seguir em frente."