A seis meses das eleições legislativas, a popularidade do presidente americano, George w. Bush, chegou ao seu nível mais baixo, segundo pesquisa realizada pelo instituto Harris Interactive e divulgada hoje (12) pelo diário "The Wall Street Journal". Ele obteve apenas 29% de aprovação, atingindo a faixa dos dois presidentes americanos com as piores avaliações nos últimos 50 anos: Jimmy Carter, que chegou a ter 21% de aprovação, e Richard Nixon, que deixou a Casa Branca com apenas 24% de popularidade.
No dado mais preocupante para os políticos republicanos - que tentarão manter a maioria nas duas casas do Congresso, em novembro -, apenas 18% dos entrevistados se disseram satisfeitos com a atuação dos congressistas do partido. A pesquisa, que ouviu por telefone 1.003 adultos em todo o país entre os dias 5 e 8 tem margem de erro de três pontos porcentuais para mais ou para menos.
Em abril, de acordo com o mesmo instituto, Bush tinha 35% de popularidade. Em janeiro, a aprovação do presidente era de 43%.
Com a cifra divulgada hoje, Bush ultrapassa, em termos de queda de popularidade, o pai dele. Em 1992, em meio a uma crise econômica, George H. Bush obtinha 32% de aprovação.
Associados aos resultados de outras sondagens de opinião pública divulgados nos últimos dias, os números do instituto Harris indicam que a popularidade do presidente está numa espécie de queda livre. Há três dias, uma pesquisa do jornal "The New York Times" e da rede de TV CBS situava o nível de aprovação de Bush em 31%.
Além dos problemas do pós-guerra no Iraque, a polêmica sobre a nova lei de imigração e os sucessivos aumentos do preço dos combustíveis têm sido os fatores-chave dos baixos níveis de aceitação de Bush. O conflito iraquiano foi apontado como o principal problema dos EUA por 28% dos entrevistados. Na sondagem anterior, o número de americanos que apontavam o Iraque como o principal problema do país era de 23%.
A pesquisa mostra que a imigração é o maior problema de Bush para 16% dos americanos. O preço da gasolina foi apontado por 14% dos entrevistados como sua maior preocupação.
Segundo o Harris, apenas 24% dos americanos consideram que "o país caminha numa boa direção", enquanto 69% estimam o contrário.
Bush atingiu os mais altos índices de aprovação durante o período que se seguiu aos atentados de 11 de setembro de 2001, quando 88% dos americanos cerraram fileiras em torno de seu presidente ante o desafio terrorista.
Efeito Iraque - Após um período de ligeira queda, a popularidade de Bush voltou a se elevar imediatamente após o início da guerra no Iraque, quando 70% dos americanos consideravam boa ou ótima a iniciativa do presidente de invadir o país do Golfo Pérsico para desarmar os supostos arsenais de armas de destruição em massa mantidos por Saddam Hussein.
Mas as armas proibidas de Saddam nunca apareceram e a percepção do americano médio é a de que, apesar dos quase 2.500 de seus compatriotas mortos em mais de três anos de guerra, os EUA não estão menos vulneráveis a ataques terroristas nem o Iraque se encaminha para tornar-se uma ilha de democracia no mundo árabe.
"Questões como as que envolvem leis de imigração ou o alto preço da gasolina - causada em grande parte pela turbulência política nos países que mais produzem e exportam petróleo - afetam a popularidade de Bush", diz o analista do Brookings Institute Stephen Hess. "Mas a chave da baixa aprovação é, sem dúvida, a falta de progresso no Iraque."
Para Hess, a situação no Iraque pode ter, para Bush, o mesmo efeito negativo que a Guerra do Vietnã teve para a popularidade de Lyndon Johnson.