Um amplo movimento de protestos populares foi desencadeado neste fim de semana em Taiwan para pedir a renúncia do presidente Chen Shui-bian, envolvido num escândalo de corrupção, mas especialistas põem em dúvida a saída de um dirigente que promete resistir.
Cerca de 200 mil taiuaneses, segundo os organizadores, se manifestaram nas ruas de Taipé no sábado, lançando assim um movimento chamado "Um milhão de votos contra a corrupção, o presidente Chen deve sair". Milhares de manifestantes resistiram às fortes chuvas e ao frio e passaram toda a noite e sábado em frente ao palácio presidencial.
Neste domingo ao meio-dia ainda havia cerca de 3.000 manifestantes nas ruas, segundo um jornalista da AFP.
O movimento é liderado por Shih Ming-teh, antigo número um do partido do presidente, o Partido Democrático Progressista, que propõe a emancipação a respeito de Pequim.
Shih prometeu manter os protestos de maneira ininterrupta até que Chen renuncie ou até as eleições presidenciais de março de 2008.
Na manhã deste domingo, quando alguns manifestantes deixavam o protesto por causa da chuva, Shih pedia que eles não desistissem: "Peço que não estejam ausentes neste momento histórico. Espero que tragam seus amigos e familiares".
"Trata-se de um protesto sem precedentes. Nossos pais não nos deixaram qualquer exemplo a seguir. Como ninguém sabe em que resultarão nossos protestos, cada passo que dermos marcará um momento histórico", acrescentou Shih.
O presidente Chen está envolvido há vários meses num escândalo de corrupção em que figuram também sua mulher e seu genro.
Chen nega as acusações e, após a grande manifestação de sábado, prometeu resistir. "Fui eleito pelo povo. O resultado deve ser respeitado", declarou.
Shih Ming-teh assegura por sua vez contar com o apoio de um milhão de taiuaneses para forçar sua demissão.
"O movimento de protestos sem dúvida exerce uma forte pressão sobre o presidente", comenta Lee Shiao-feng, professor da Universidade Shih Hsin. Mas "de momento, muitas das acusações contra a família do presidente só são alegações. Então, por que ele deveria renunciar?".
"O problema está em saber por quanto tempo Shih poderá manter um movimento enérgico. Uma semana, duas semanas?", questiona Liu Bi-rung, especialista em política da Universidade de Soochow.
Chen admite que a Justiça o interrogou no mês passado sobre o uso de um fundo especial destinado à presidência. Segundo a imprensa, os investigadores só encontraram como foi utilizado metade do dinheiro e suspeitam de um desfalque, o que é negado pelo presidente.
Em maio, o genro do presidente, Chao Chien-ming, foi detido e acusado de utilização fraudulenta de informação sobre a bolsa de valores, o que rendeu a ele mais de 12 milhões de dólares.
A esposa do mandatário, Wu Shu-chen, também vem sendo submetida a uma investigação por ser acusada de aceitar cheques de uma grande cadeia de supermercados em troca de favores políticos.