A declaração final da II Cúpula Sul-Americana, que terminou hoje na cidade boliviana de Cochabamba, não levou em consideração a "Cúpula Social" que o presidente boliviano, Evo Morales, organizou paralelamente e que pretendia colocá-las no mesmo nível e encerrá-las em apenas um ato conjunto.
As minutas iniciais da "Declaração de Cochabamba" mencionavam que "a experiência adquirida" na "Cúpula Social" "deveria ser considerada "especialmente" e propunha a "interação" de ambos os fóruns para garantir "o diálogo com a sociedade civil".
Mas tudo isso desapareceu do texto divulgado no fim da reunião e à revelia de alguns presidentes que voltavam para seus países.
Os presidentes do Brasil, Chile e Peru foram embora antes da hora prevista para o encerramento da "Cúpula Social", em um estádio de Cochabamba, com uma manifestação denominada "Taypi Jenecherú" ("taypi" é encontro em guarani e "jenecherú" significa partida em quíchua).
Durante os debates da cúpula, quase nenhum presidente fez alusão ao fórum paralelo que Morales apresentava como a verdadeira representação dos povos sul-americanos.
Representantes de partidos políticos de esquerda, organizações sociais variadas, movimentos de indígenas, de camponeses e sindicatos, grande parte deles minoritários e muitos de oposição aos líderes convidados a Cochabamba, foram os participantes da Cúpula Social pela Integração dos Povos.
Os integrantes desse fórum paralelo queriam que a reunião oficial recolhesse alguma de suas conclusões, como o pedido boliviano de descriminalização da coca, mas nenhuma aparece na declaração final, que se concentra na integração regional.