O julgamento internacional por crimes de guerra do ex-presidente da Libéria, Charles Taylor, recomeçou hoje, seis meses depois de ter sido adiado quando Taylor boicotou a sessão de abertura e demitiu seu advogado. Charles Taylor é acusado de aterrorizar a população de Serra Leoa dirigindo as atividades de milícias conhecidas por mutilar vítimas durante os 10 anos de guerra civil do país, encerrada em 2003. As 11 acusações contra ele incluem assassinato, estupro, escravização e recrutamento de crianças soldados. Taylor, o primeiro ex-chefe de Estado africano a ser julgado em um tribunal internacional, alega inocência de todas as acusações.
"Este é um grande momento em que um ex-chefe de Estado está sendo julgado por esses crimes muito graves", disse Elise Keppler, da organização Human Rights Watch. Ian Smillie, um perito canadense no comércio internacional de diamantes que morou em Serra Leoa, foi a primeira testemunha a ser ouvida, contando aos três jurados que os diamantes abasteceram a guerra em Serra Leoa. Os promotores também mostraram um documentário sobre diamantes para fornecer ao júri um histórico do comércio e da história de Serra Leoa, apesar de os advogados de defesa reclamarem do fato de Smillie aparecer como um especialista em história.
"O sr. Smillie não está melhor posicionado que um estudante universitário de primeiro ano para dar provas desse tipo", disse um dos advogados de Taylor, Terry Munyard. Os promotores afirmam que o desejo de Taylor pelos diamantes de Serra Leoa, que faz fronteira com a Libéria, foi uma das causas do seu alegado envolvimento na guerra civil do país. Taylor ouviu atentamente a ação e não mostrou emoção quando o julgamento recomeçou. Smillie foi a primeira de 144 testemunhas dos procuradores, apesar de advogados esperarem que apenas a metade apareça pessoalmente. O caso deve durar aproximadamente dois anos. Um apelo levaria o processo até 2010.