A reunião desta segunda-feira em Beirute entre a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, e o presidente do Parlamento libanês, Nabih Berri, que trabalha como intermediário com o grupo Hezbollah, terminou, mas as divergências continuam, disse uma fonte libanesa.
"Não houve acordo, porque Rice insistiu na implantação de um mecanismo de controle global antes de um cessar-fogo", contou a fonte ligada a Nabih Berri, pedindo para não ser identificada.
"Rice colocou como prévio a um cessar-fogo uma retirada do Hezbollah além do rio Litani (20 km ao norte da fronteira líbano-israelense) e o envio de uma força internacional a esta zona, o que facilitaria, segundo ela, o retorno dos deslocados", acrescentou a mesma fonte.
Berri pediu a Rice "a entrada em vigor primeiro de um cessar-fogo, seguido por uma troca de prisioneiros entre o Líbano e Israel, e então o retorno dos refugiados que partiram do sul do Líbano, antes de discutir um plano de acordo geral para o conflito entre Líbano e Israel", disse a fonte.
"Mas a secretária de Estado americana se recusou a discutir uma troca de prisioneiros entre Líbano e Israel", completou.
Já o secretário de Estado adjunto para o Oriente Médio se negou a comentar as divergências entre Berri e Rice.
No domingo, Berri declarou que o Hezbollah, que capturou dois soldados israelenses, aceitou que o governo libanês negocie uma troca pelo intermediário de uma terceira parte. A proposta foi rejeitada pelo governo israelense, que reiterou sua exigência da libertação dos seus soldados, sem contrapartida.
O chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, disse ter encarregado Berri de negociar em seu nome. Os enviados ocidentais que estão no Líbano não conversaram com o movimento xiita.
Na visita surpresa que fez a Beirute antes de ir para Israel se reunir com dirigentes israelenses e palestinos, Condoleezza Rice disse hoje estar "profundamente preocupada com o povo libanês e com o que está sofrendo", após seus encontros com as autoridades do Líbano na capital do país.
"Naturalmente que estou preocupada com a situação humanitária", frisou Rice, em conversa com os jornalistas, depois de sair de uma reunião com o primeiro-ministro libanês, Fuad Siniora, e antes do encontro com Nabih Berri.
Em referência clara ao movimento xiita radical Hezbollah, Rice destacou que rejeita "os grupos terroristas, os grupos não autorizados que podem utilizar o território do Líbano e dali lançar atividades ilegais, colocando o Líbano e a região em uma guerra".
Mais cedo, Rice, procedente do Chipre, pediu um cessar-fogo urgente no Líbano, mas advertiu que qualquer acordo deve começar com uma solução das causas do conflito. "Pensamos que um cessar-fogo é urgente", declarou a secretária, no avião que a levava para o Líbano.
"Porém, é importante que existam condições para que (o cessar-fogo) seja viável", acrescentou.