A mudança climática da Terra ficou em evidência com o degelo ártico, uma modificação dos padrões pluviais e a contaminação das nuvens, disse hoje o Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, na sigla em inglês) da Nasa.
O órgão informou em comunicado que os dados proporcionados por seus satélites ajudaram os cientistas a ter uma melhor idéia dos fatores que influem na situação meteorológica, assim como a compreender mais a longo prazo a atual mudança climática.
Os resultados de suas análise fizeram parte de três estudos apresentados esta semana em uma assembléia da União Geofísica dos Estados Unidos, realizada em San Francisco (Califórnia).
Um desses estudos, realizado pelo Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas, examinou a influência das nuvens polares na diminuição recorde sofrida pela camada de gelo no Ártico em 2007.
Com a informação do satélite CloudSat e o satélite de raios infravermelhos, além da proporcionada por satélites geoestacionários, os cientistas descobriram que a camada total de nuvens sobre a região onde ocorreu a maior parte do degelo foi um 16% menor que em 2006.
Isso significou um aumento de 2,4 graus centígrados na temperatura de água, o suficiente para derreter uma boa quantidade de gelo marinho.
"Estes resultados ressaltam a importância da variedade climática em um ambiente ártico mais quente", disse Jennifer Kay ao apresentar o relatório.
Os cinco satélites geoestacionários cujos dados proporcionam a distribuição e evolução globais das nuvens, ajudam a melhorar as previsões meteorológicas e o prognóstico climático, disse o JPL.
Outro estudo realizado também com o CloudSat e dirigido por cientistas da Universidade do Colorado descobriu que as chuvas árticas foram mais freqüentes e mais intensas sobre os oceanos que o que se achava.
"Estes resultados sugerem que está caindo mais água do céu, pelo menos sobre os mares, que o que supúnhamos", disse John Hayness, cientista da Universidade do Colorado.
Acrescentou que, além disso, sugerem a possibilidade de se reconsiderar os atuais modelos climáticos baseados no ciclo hidrográfico.
"Ao melhorar nosso conhecimento sobre os atuais patrões pluviais poderiam ser melhoradas as projeções sobre um aumento ou uma diminuição da chuva no futuro", acrescentou.
No último estudo, estudantes da mesma universidade disseram ter descoberto a primeira prova global de que a contaminação das nuvens com aerossóis, ou pequenas partículas suspensas no ar, faz com que estas sejam mais brilhantes e tenham maior capacidade de refletir a luz.
Isto faz com que seja menor a quantidade de raios solares que caem sobre as águas para aumentar a temperatura.
Os cientistas disseram que, por enquanto, desconhecem as conseqüências diretas deste fenômeno, mas acrescentaram que constituem um novo fator de incerteza para os modelos climáticos do futuro.