Dezenas de milhares de pessoas acompanharam hoje o funeral com honras de Estado do ex-ditador indonésio Suharto, muitas delas elogiando o aliado dos Estados Unidos na Guerra Fria, cujo regime militar matou mais de 500 mil opositores esquerdistas. Enquanto populares observavam a passagem do comboio levando o corpo de Suharto para o mausoléu da família, muitos lamentavam a morte do homem cujo regime levou crescimento econômico e estabilidade para a Indonésia. Suharto morreu ontem de falência múltipla dos órgãos, depois de ser mantido vivo por aparelhos por mais de três semanas num hospital de Jacarta. Ele tinha 86 anos.
O presidente Susilo Bambang Yudhoyono liderou o funeral, que teve início no mausoléu perto da cidade de Solo, cidade-natal de Suharto, cerca de 400 km a leste da capital Jacarta. Depois de ler os feitos militares de Suharto, um disparo em sua honra foi dado, acompanhado por uma saudação de Yudhoyono. "Oferecemos seu corpo e suas obras à terra-mãe", disse Yudhoyono, que declarou uma semana de luto nacional. "Seu serviço é um exemplo para nós".
Foram rezadas orações islâmicas e o corpo de Suharto desceu ao túmulo, com familiares e amigos jogando flores sobre o caixão. Uma banda militar tocava uma marcha fúnebre. "Perdemos um dos melhores filhos da nação, um verdadeiro soldado e um respeitado estadista", discursou Yudhoyono. Suharto cometeu erros, continuou, mas ele também fez grandes contribuições para a nação. "Que Alá aceite suas realizações e perdoe seus pecados", pediu Yudhoyono. "Adeus, Pai do Desenvolvimento. Descanse em paz ao lado de Alá".
Suharto era comumente chamado Pai do Desenvolvimento por suas contribuições ao crescimento econômico indonésio. Seguidores de Suharto, que dominam o Poder Judiciário, defendem que ele seja perdoado e seu nome seja limpo. Mas sobreviventes querem que ele e seus cúmplices sejam responsabilizados pelas atrocidades. Suharto, cujos 32 anos de ditadura são considerados alguns dos mais brutais e corruptos do século 20, foi derrubado do poder em meio a protestos populares em 1998, no auge da crise financeira asiática de 1997 a 1998. Sua saída permitiu a democratização da nação e ele retirou-se da vida pública.