A defesa do ex-ditador uruguaio Juan Bordaberry, detido por quatro homicídios cometidos em 1976 em Buenos Aires, vai recorrer da sentença anunciada por um juiz e solicitará o benefício da prisão domiciliar por razões de saúde, informou sua família.
Bordaberry, de 78 anos, em prisão preventiva desde sexta-feira ao lado de seu ex-chanceler Juan Carlos Blanco, processados como co-autores do "homicídio especialmente agravado" pelo assassinato de quatro uruguaios exilados na Argentina, não pode se beneficiar da prisão domiciliar prevista para os maiores de 70 anos porque a lei exclui os delitos de lesa-humanidade.
Mas seus advogados, Gastón Chávez e Diego Viana, afirmam que o ex-ditador tem problemas de saúde, foi operado há 15 dias, com apenas um pulmão em funcionamento, e sofre de refluxo, tendo de dormir sentado, além de receber muita medicação.
Por isso, solicitarão ao juiz Roberto Timbal, que ordenou seu julgamento e detenção, que o ex-ditador (1972-1976) possa permanecer detido em sua casa, a fim de receber os cuidados médicos necessários.
Nesse caso, o juiz Timbal deverá solicitar a formação de uma junta médica que determinará o estado de saúde de Bordaberry.
Além disso, como antecipou sua família, a defesa de Bordaberry recorrerá contra a ordem de julgamento, para a qual tem cinco dias após o recebimento da notificação.
Por ora, Bordaberry está detido junto com Blanco na Prisão Central, recinto onde estão detidos também oito ex-militares e policiais processados desde setembro por violações aos direitos humanos durante a ditadura uruguaia (1973-1985).
O juiz Timbal ordenou a detenção de Bordaberry e Blanco para processá-los por "co-autoria de homicídio especialmente agravado", pelos assassinatos dos ex-parlamentares uruguaios Zelmar Michelini e Héctor Gutiérrez Ruiz e dos militantes tupamaros Rosario Barredo e William Whitelaw.
Os quatro estavam exilados em Buenos Aires quando foram sequestrados e assassinados em maio de 1976, poucas semanas depois do golpe militar na Argentina.