A Venezuela "valoriza" a proposta do Brasil para facilitar o diálogo entre Caracas e Lima, "mas imagina" que tal intervenção "não será necessária", disse nesta quarta-feira à AFP o vice-chanceler para a América Latina, Pavel Rondón.
O diplomata reagia à declaração de Marco Aurélio Garcia, assessor de política externa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lamentou a "guerra de palavras" entre Peru e Venezuela e disse que o Brasil estava disposto a colaborar para reconciliar seus vizinhos.
Segundo Rondón, "as relações diplomáticas e políticas são um processo com aspectos nacionais e internacionais. Estamos valorizando as declarações de Marco Aurélio Garcia (...) Sua oferta é bem-vinda, mas imaginamos que não será necessária".
"Alan García (o presidente peruano) está enviando mensagens. Nós somos proclives à convivência na América Latina, mas sempre com respeito", disse o diplomata venezuelano.
García, vencedor das eleições presidenciais no Peru, defendeu na terça-feira "boas relações e com respeito" com a Venezuela e destacou que não lhe interessa liderar um movimento continental contra o presidente venezuelano, Hugo Chávez.
As relações entre Peru e Venezuela se deterioraram desde o final de abril, quando o presidente Alejandro Toledo retirou seu embaixador em Caracas e acusou o governo Chávez de interferir na campanha eleitoral para apoiar o candidato nacionalista Ollanta Humala, derrotado por García no domingo passado.
Poucos dias depois, a Venezuela retirou seu embaixador em Lima, enquanto Chávez e García trocavam insultos. Chávez chegou a dizer que se García vencesse as eleições, romperia relações com o Peru.
Marco Aurélio Garcia comentou que a polêmica "foi uma situação desagradável", mas lembrou que "o mundo tem hoje em dia problemas muito mais complicados".