O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, chegou na tarde desta sexta-feira, 24, à localidade nicaraguense de Las Manos, na fronteira com seu país, com a intenção de entrar em território hondurenho. Zelaya falava ao telefone a poucos metros da demarcação de limites terrritoriais cercado por dezenas de manifestantes hondurenhos que gritavam "Viva Mel" em meio a uma forte chuva.
A seu lado estava o chanceler venezuelano, Ricardo Maduro. Do outro lado da fronteira, em território hondurenho, a 50 metros da linha de separação, estavam posicionados dezenas de agentes da polícia nacional e efetivos militares, vestidos com uniformes de camuflagem, fortemente armados e protegidos por escudos.
Um helicóptero da polícia sobrevoava o espaço aéreo hondurenho. A chanceler de Zelaya, Patricia Rodas, disse que se reunirá logo com setores sociais para "tomar decisões" em relação à entrada em Honduras, onde a justiça ditou ordem de captura contra ela.
Mais além, em El Espino, centenas de seguidores tentavam romper o imponente cerco militar e policial para receber o presidente deposto por um golpe de Estado no dia 28 de junho. As autoridades de fato decretaram nesta sexta-feira toque de recolher a partir do meio-dia nas fronteiras de Honduras.
A polícia anunciou que tem um "plano estratégico" para deter Zelaya assim que ele puser os pés em território hondurenho, onde é acusado de 18 crimes, entre eles, o de traição à pátria.
Derrubado do poder pelos militares em 28 de junho e expulso para a Costa Rica, de onde seguiu para a Nicarágua, Zelaya saiu quinta-feira de Manágua com a intenção de regressar a seu país, apesar das ameaças do governo de fato de prendê-lo e levá-lo ante a justiça por traição e corrupção.
A última tentativa de mediação entre as duas partes fracassou na quarta-feira.