A maioria das 103 crianças africanas que a entidade assistencial francesa Arca de Zoé pretendia levar do Chade para a Europa aparentemente tinha pelo menos um dos pais vivo, constataram hoje agências subordinadas à Organização das Nações Unidas (ONU). O grupo, impedido de embarcar para a Europa na semana passada, alegou que todas as crianças seriam órfãs do conflito na região de Darfur, oeste do Sudão, refugiadas no leste do Chade. Dezessete europeus foram detidos, inclusive seis franceses indiciados por tentativa de seqüestro.
A Arca de Zoé alega que a intenção era "puramente humanitária". O governo sudanês convocou o embaixador francês em Cartum para manifestar objeções sobre o assunto e pediu à Interpol que detenha o diretor-geral da Arca de Zoé. Agentes humanitários entrevistaram as crianças em um orfanato para onde foram levadas nos últimos dias no leste do Chade. A maior parte delas é originária de aldeias na região de fronteira entre o Chade e o Sudão.
"Noventa e uma das crianças referiram-se a um ambiente familiar no qual havia pelo menos um adulto que elas consideravam como pai", informaram o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e a Cruz Vermelha, por meio de um comunicado conjunto. As entrevistas continuam, agora com o objetivo de encontrar os familiares vivos das crianças. O Ministério das Relações Exteriores da França já havia levantado dúvidas sobre a alegação da Arca de Zoé, grupo assistencial pouco conhecido.