Imagem do filme de Zapruder mostra instante em que a bala atinge Kennedy
O assassinato do presidente americano John F. Kennedy, em Dallas, no Texas, no dia 22 de novembro de 1963, marca o fim da era da inocência nos EUA. Marca também a primeira grande cobertura em tempo real de um fato que comoveu a nação.
Olhando para a cobertura, 50 anos depois, percebemos como as condições eram muito ruins, ao contrário dos dias de hoje, com livestreams, flashes e broadcasts de eventos saltando das telinhas para residências e locais de trabalho em tempo real.
O crime de Dallas teve um papel de transformação das coberturas. O assassinato também teve transmissão de televisão ao vivo por horas, cancelando programas e revelando que o jornalismo seria parte vital da experiência cultural.
Se a morte de Kennedy acontecesse em 2013, haveria cobertura em diversas redes, a própria Casa Branca colocaria sua versão online, com vídeos e depoimentos, a morte estaria nos trending topics do Twitter, imagens do momento do disparo estariam no Instagram e o Facebook seria inundado por frases do presidente.
Em 1963, não havia redes sociais, YouTube e Pinterest para a catarse coletiva do assassinato. O que havia eram os poucos segundos mudos do filme de Zapruder. As redes de TV praticamente não tinham imagens, limitando-se a intermináveis entradas ao vivo de comentaristas e especialistas.
A primeira notícia do tiro chegou via teletipo (veja abaixo) e dizia que o presidente tinha sido "seriamente ferido, talvez fatalmente" pela bala dos assassinos. Não havia muitas certezas, nem mesmo se havia um ou mais assassinos.

Teletipo não dava nenhuma certeza da gravidade da situação
As emissoras de rádio foram rápidas na inserção de flashes, mas limitavam-se a suspender a programação musical para as entradas dos locutores. Voltavam rapidamente aos programas até que novidades chegassem pelo teletipo.
O primeiro boletim interrompeu um programa feminino de entrevistas. O locutor, depois de alguma interferência na passagem das imagens, aparece sério, com um pequeno microfone na mão, para dar a notícia de Dallas.
Coube a Walter Cronkite selar sua já legendária fama: "Nós temos um informe de nosso correspondente em Dallas, Dan Rather, em que ele confirma que o presidente Kennedy está morto. Não há, todavia, nenhuma confirmação oficial".

Cronkite na TV: "O presidente Kennedy está morto"
Cinquenta anos depois, a cobertura jornalística online ainda é obrigada a desmentir informações que deu anteriormente baseada em dados passados por fontes oficiais, mas Cronkite não precisou de Google, Twitter, Facebook ou YouTube para ser preciso.