Especialsita alerta para não se confiar no serviço de informações dos EUA | Foto: Jason Lee | Pool | AFP
Um especialista da missão da Organização Mundial da Saúde (OMS), que concluiu sua missão na China sobre as origens do coronavírus sem resultados contundentes, pôs em xeque as informações do serviço de inteligência dos Estados Unidos sobre a pandemia, que continua obrigando uma parte do mundo a manter as restrições.
"Não confiem muito nos serviços de inteligência dos Estados Unidos: cada vez mais desvinculado durante o período Trump e francamente errado em muitos aspectos" tuitou nesta quarta-feira, 10, Peter Daszak, que fez parte da equipe da OMS que esteve na China.
Os cientistas terminaram sua missão sem determinar a origem do coronavírus, que em um ano causou a morte de mais de 2,3 milhões de pessoas em todo mundo.
Sob forte pressão, os especialistas da OMS trabalharam várias semanas em Wuhan, cidade do centro da China onde foram registrados os primeiros casos de covid-19 em dezembro de 2019. De um lado, os Estados Unidos, que exigiam uma "sólida" investigação, e, do outro, a China, cujas autoridades advertiram contra a politização da missão.
Segundo Daszak, a equipe trabalhou "a todo vapor e no ambiente político mais pesado que se possa imaginar".
Na terça-feira, os especialistas explicaram em uma entrevista coletiva que não encontraram a espécie ou espécies animais que podem ter transmitido o vírus aos seres humanos e praticamente descartaram a hipótese de que o vírus pode ter 'escapado', involuntariamente ou não, do Instituto de Virologia de Wuhan, como sugeriu o ex-presidente americano Donald Trump.
Horas depois, o porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, afirmou que "ao invés de confiarmos em conclusões que podem estar motivadas por qualquer coisa exceto pela ciência, queremos ver onde nos levam os dados e a ciência, e com isto serão baseadas nossas conclusões".
O porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Wang Wenbin, afirmou que seu país vai cooperar com a OMS de maneira "aberta e transparente".
Wang pediu a Washington que faça o mesmo e acredita que os especialistas da OMS também poderiam investigar nos Estados Unidos a origem da pandemia.