A tolerência religiosa ainda é um objetivo a ser alcançado
Começa hoje a semana na qual comemora-se o Dia Mundial da Religião, na próxima quinta-feira, 21, quando adeptos das mais diversas crenças, e mesmo os agnósticos, reservam um tempo para refletir sobre a importância do convívio pleno e amoroso.
Não basta apenas tolerar a religião do outro, pois somente na alteridade é possível construir o perfil identitário, ao entendermos distinções entre as formas de pensar, sentir e perceber as divindades favoritas das pessoas com as quais compartilhamos a fé.
Esta construção se faz na admiração pelos ritos da criação pelo homem de deuses e deusas, a depender das manifestações culturais de onde emanam as formações religiosas, alcançando a dimensão plena de todas elas pela prática do amor – amor fati!
Criada em 1949 pelos Baha’is, religiosos da região do Crescente Fértil, onde floresceu a antiga Pérsia, a data começou a unir representantes de múltiplos credos como forma de promover, além do amor pleno, os valores respeito e moderação.
Não se trata de provar a existência de divindades melhores ou piores, em comparação umas com as outras; ao contrário: o objetivo é compartilhar perspectivas de prática religiosa, em viés interpretativo, como forma de tornar o mundo melhor de ser habitado.
Evitar fazer da religião motivo de intrigas e conflitos é a proposta abraçada pelos religiosos brasileiros, ao reverenciarem, também neste dia 21, a memória da ialorixá – mãe de santo – Gilda de Ogum, do terreiro Ilê Axé Abassá.
Vítima de infarto, Gilda teve sua imagem associada a um conteúdo falso publicado em impresso de uma seita intolerante; o terreiro foi atacado e pessoas da comunidade foram agredidas, daí ter sido instituído o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa.
A inclinação natural pelo revide, tomando-se por base uma genealogia da moral, aumenta a importância da data, no sentido de frear impulsos, em momento difícil para a paz, devido às nocivas provocações de organizações pentecostais.