O grau de dificuldade do Ministério da Saúde na negociação de vacinas leva a crer em indícios de exagerada inépcia | Foto: Miguel Schincariol | AFP
Não se pode julgar a intenção de um sujeito ou organização ao produzir ações atabalhoadas, mas o grau de dificuldade do Ministério da Saúde na negociação de vacinas leva a crer em indícios de exagerada inépcia. Considerar propositais as ações seria concluir pela fragilidade de valores morais, como a prudência, a coragem, a justiça e principalmente, o conhecimento, como verificou-se no contato com a Índia, cuja diferença de fuso horário teria atrapalhado a conversa.
Humilhou-se o governo, junto a sua equipe dita da “saúde”, ao verificar terem os indianos fornecido a medicação ao Reino do Butão, Ilhas Maldivas, Nepal, Bangladesh, Mianmar e Ilhas Seychelles, sem contemplar o Brasil.
No caso da China, detentora do princípio ativo com o qual produzem-se a coronaVac e outras vacinas, o problema já vinha sendo criado há mais tempo. O ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, acusado de racismo, já insinuava, utilizando-se dos quadrinhos de Maurício de Souza, um ataque à honradez dos chineses, melindrado os dirigentes da república popular.
Logo foi a vez do deputado Eduardo Bolsonaro, um dos filhos enumerados do presidente, receber em revide a uma diatribe, alerta em tom indignado, com ameaça de alteração das relações sino-brasileiras. As bruscas manobras, de tamanha insensatez, podem ocasionar agora algum problema no envio do IFA, princípio ativo necessário para a fabricação da vacina do Instituto Butantan.
Outro arremessador de dardos em direção a Pequim foi o próprio ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, a quem cabe agora negociar com aqueles aos quais ofendeu, por formar crença numa guerra ideológica de fantasia.
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, pediu dignidade ao presidente Jair Bolsonaro, em defesa da vacina CoronaVac, além de agilidade do Itamaraty a fim de resolver imbróglio no qual meteu a população brasileira, fragilizada pela pandemia.