Deve o gestor dos recursos públicos prestar contas à cidadania, fazendo deste bom princípio um hábito | Foto: Michael Dantas | AFP
Deve o gestor dos recursos públicos prestar contas à cidadania, fazendo deste bom princípio um hábito, uma vez ser o executor de ações capazes de causar impacto para o bem ou o mal das pessoas. Tomando como pressuposto uma postura baseada em prudência e humildade, não há por que ressaltar em letras grossas o pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), para apurar o triste caso de Manaus.
O objetivo, segundo anunciado pelas autoridades judiciárias, é saber o responsável pela demora do fornecimento de oxigênio, servindo para evitar a repetição do fato em outros estados. Os indícios de falta de ajuda com a necessária agilidade, devido ao risco de morte e sofrimento de amazonenses, produzem a hipótese de conduta negligente, a verificar-se com a oitiva do contraditório e testemunhas, além da análise de documentos.
O protagonismo do presidente Jair Bolsonaro foi substituído por seu subalterno, o ocupante do cargo de ministro da Saúde, Pazuello, general a quem confiou-se, em contexto de pandemia, suceder dois médicos. Na apuração, é possível ser considerado o fato de o general ter visitado Manaus, pouco antes do colapso do sistema de saúde, para lançar o aplicativo TrateCox, recomendando o tratamento precoce e os mesmos medicamentos ineficazes propagandeados por Bolsonaro.
Enquanto divulgava cloroquina e ivermectina, pessoas precisavam de cilindros de oxigênio, para tentar sobrevida, diante da sensação de asfixia provocada pela devastação dos pulmões danificados pela Covid-19.
O general deverá ser ouvido em até cinco dias, no prazo iniciado no dia 25, portanto, tem até esta sexta-feira para escolher data e local para dizer sua versão à Polícia Federal sobre os atrasos em medidas urgentes, conforme fartamente documentado. Além da boa prática fortalecer o valor transparência, a medida enrijece o tônus da democracia, pelo destemor diante de figura respaldada pela Força, embora seu chefe tenha livrado-se, por ora, de ser igualmente acionado.