ACM Neto é responsável por escolha entre Paulo Souto e Geddel
As negociações conduzidas pelo prefeito ACM Neto (DEM) para buscar entendimento entre o ex-governador Paulo Souto (DEM) e o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) - ambos postulantes a encabeçar a chapa da oposição ao governo do estado - estão sendo acompanhadas pelo pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves.
Segundo o deputado federal Jutahy Magalhães Jr (PSDB)., o senador mineiro pediu na reunião da executiva nacional do partido, semana passada, relato sobre o quadro na Bahia - Estado estratégico para a campanha tucana, por ser o maior colégio eleitoral do Nordeste.
"Relatei a Aécio que existem dois nomes colocados, Souto e Geddel; que foi delegado ao prefeito ACM Neto a condução do processo, o qual vem se dando de forma competente e paciente; e que o PSDB deseja e espera fazer parte da chapa", disse Jutahy Jr., referindo-se ao ex-prefeito de Mata de São João, João Gualberto Vasconcelos, pré-candidato a vice.
O parlamentar baiano revelou a Aécio, ainda, que o PSDB da Bahia já havia comunicado ao prefeito ACM Neto qual o nome de preferência do partido. Mas que respeitaria a decisão final de Neto. Posição que teve o aval do presidenciável tucano.
Questionado pela reportagem, Jutahy Jr. disse que não revelaria se Souto ou Geddel seria o preferido do PSDB para governador. "É para não criar dificuldades", explicou.
Nos bastidores, contudo, a convicção é que o PSDB tem preferência pelo ex-governador Paulo Souto, por entender que é o "nome natural" e "mais forte" para disputar o governo do Estado.
No último domingo, o tucanato na Bahia deu demonstração explícita da apoio a Souto. O ex-governador foi o convidado ilustre do ex-prefeito e pré-candidato a vice, João Gualberto, na Festa do Bonfim, em Mata de São João. Souto circulou ao lado de outros emplumados, como o deputado Jutahy Jr. e o presidente estadual do PSDB, Sérgio Passos.
No início do mês, o presidente nacional do DEM, senador Agripino Maia (RN), também disse, em entrevista ao A TARDE, que Souto havia comunicado que colocaria nome à disposição do partido para disputar as eleições.
Maia ressaltou, contudo, que caberia a ACM Neto, como "líder do partido na Bahia", conduzir o processo, e delegou a ele a construção da aliança com os partidos, como o PSDB, o PMDB e o PV.
Conversas
A TARDE não conseguiu, nesta terça, 18, falar com o prefeito ACM Neto, sobre a última rodada de conversas que teve com Paulo Souto e Geddel Vieira Lima, na noite da última segunda-feira.
Geddel, que tem verbalizado a aliados que, se não for o escolhido poderá apoiar a pré-candidatura ao governo da senadora Lídice da Mata (PSB), foi lacônico ao ser abordado: "Está tudo caminhando para o entendimento". O ex-governador Paulo Souto não retornou as ligações da reportagem.
Pessoas próximas ao prefeito informam que se não houver acordo até o Carnaval, caberá a ACM Neto arbitrar o impasse na formatação da chapa das oposições. Por isso mesmo, o democrata tem sido cauteloso nas negociações, para evitar dissidências e garantir a unidade dos partidos de oposição.
Chapa do PT
Situação semelhante é enfrentada pelo governador Jaques Wagner (PT), que admite ter de arbitrar a disputa entre o PP, do deputado federal Mário Negromonte, e o PDT, do presidente da Assembleia legislativa, Marcelo Nilo, pela vice na chapa do seu candidato, o petista Rui Costa.
Ante a insatisfação demonstrada pela bancada estadual do PP, ao não comparecer à reunião convocada por Wagner para discutir a votação da PEC dos Royalties, o governador disse, ontem, apostar na permanência do PP na aliança.
"Conversei com todo mundo do PP ontem (segunda). Nessa época tem muita especulação. Nossa base está unida, eu não vejo nenhum tipo de problema insuperável. Nós temos um bom problema: dois partidos de tamanhos semelhantes, planejam estar na chapa na condição de vice. Só tem uma vaga", ponderou.
O governador disse não ter "prediletos" e concluiu: "A vida é assim mesmo. Se o entendimento não acontecer, quem coordena o processo sou eu; eu vou ter que arbitrar sem problema nenhum, mas não acho que ninguém vá sair da base por isso", acredita ele, que pretende fechar a chapa depois da Quarta-Feira de Cinzas.