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Não se pode dizer que se tratava de uma prévia da Parada Gay da Bahia, agendada para o dia 14 de setembro. Mas a caminhada que o candidato a prefeito do Democratas, ACM Neto, fez, na tarde desta sexta-feira, 29, na Avenida Sete de Setembro teve a cor do arco-íris e a irreverência do travesti dançarino Leo kret, candidato a vereador pelo PR.
Com a barriga de fora, jogando os cabelos de um lado para o outro, Léo, como era chamada aos gritos por transeuntes, camelôs e comerciários, conseguiu “arrasar”. Algumas vezes de mãos dadas com Neto – lascou-lhe um beijo no rosto – repetia, com certo ar sedutor, “que é possível fazer diferente”.
Batizada de “Caminhada contra o Preconceito”, a parada arrastou pelas ruas do Centro de Salvador simpatizantes do Movimento Gay e do candidato a prefeito. O vice na chapa de Neto, o deputado Márcio Marinho (PR), bispo da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), não compareceu. O bispo, que se nega a ir a terreiros de candomblé, declarou recentemente que apóia as bandeiras dos homossexuais.
ACM Neto, que em 2005 foi eleito por um site gay como o parlamentar mais charmoso da CPI dos Correios, votou na Câmara dos Deputados a favor da união estável de pessoas do mesmo sexo, o que lhe rendeu o Troféu Triângulo Rosa do Grupo Gay da Bahia (GGB). Mas foi contra a legalização da prostituição como profissão. “Não há contradição da minha parte. Uma coisa é um ato jurídico, a aprovação de um modelo contratual que não existia no Brasil. Outra, completamente diferente, é quando o objeto em negociação é o corpo, que pelo direito constitucional é inalienável e atenta contra a segurança da mulher”, pontuou.
Dos cinco candidatos a prefeito de Salvador, o democrata foi o primeiro a responder questionário do GGB sobre questões ligadas ao Movimento Gay. Uma das perguntas era se o candidato nomearia secretário municipal um homossexual. Neto respondeu que sim.
Léo Kret, que disse se for convidado a assumir uma pasta “estará lá, bem linda”, arrastou com ela figuras como o senador César Borges (PR-BA), acompanhado da mulher Tércia, o coordenador da campanha, Luiz Carreira, os vereadores Antônio Lima (DEM) e Téo Senna (PTN), os candidatos a vereador, Cláudio Tinôco (DEM) e Ricardo Lima (PTN), que se apresentou como homossexual.
INVEJA – A candidata tirou fotos, distribuiu santinhos e “beijou muuuuito”, enquanto repetia o bordão “é possível fazer diferente”. Provocada, dizia sem cerimônia: “O mundo é gay e a Bahia é cor de rosa”. E disparava o seu grito de guerra, acompanhado de um estrondoso Uhhhhhh!, seguido animadamente pelos presentes. Mas quer ver Léo Kret rodar a baiana? Basta falar que o presidente do Grupo Gay da Bahia, antropólogo Luiz Mott, declarou que ela não é uma representante do movimento.
“Eu acho um preconceito dele. O presidente do GGB deveria me apoiar, por que sou homossexual e não represento só o pessoal do GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e travestis). Eu represento o povão do gueto, os artistas, represento os homens”, disse ela. Para a travesti, o GGB está inconformado é com o sucesso da sua candidatura. “Eles estão com raiva porque estão com um candidato, Marcelo Cerqueira (PV), que nunca ganha e eu sou do povo. Então se é para melhorar, bota Léo Kret lá!”.