Uma das primeiras medidas a serem adotadas por Cristovam Buarque caso seja eleito presidente da República será reunir as "forças nacionais" para encaminhar um pacto para deter o crescimento vegetativo das contas públicas. A afirmação foi feita hoje durante sabatina a que o candidato do PDT está sendo submetido no Grupo Estado. "Se a gente conseguir dar uma estancada (nos gatos públicos), vai sinalizar para o mercado que vai equilibrar as contas. Aí, a taxa de juros vai cair", declarou Cristovam, citando uma troca do atual circulo vicioso por um círculo virtuoso.
O senador fez a proposta ao responder pergunta sobre como fazer o Estado brasileiro caber dentro de suas contas, para fazer frente aos investimentos em educação, que Cristovam defende na campanha. Para ele, no entanto, a elevação dos aportes na educação não depende do pacto sugerido. "Precisa tão pouco para a Educação, que dá para tirar de algumas rubricas (do Orçamento)".
Cristovam brincou, ao ouvir uma pergunta sobre quem seria seu ministro da Fazenda, caso eleito. "Eu estou com 1% nas pesquisas e vou nomear ministro da Fazenda?". No entanto, ele citou o perfil que acredita ser necessário para o cargo. "Ter o compromisso de casar estabilidade e desenvolvimento."
O senador voltou a afirmar que a educação é o principal caminho para possibilitar que o País rompa uma barreira, que estaria evitando sua transformação em uma nação mais competitiva e com menos problemas sociais. Ele disse que a única forma de trazer uma mudança é realizar uma revolução nesta área.
"Eu não vejo outra alternativa para que a gente dê um salto, chegue ao futuro, ingresse no século 21, seja uma sociedade moderna", destacou Cristovam Buarque. "O Brasil não está precisando de alguém que vá arrumar um pouquinho a casa, gerenciar um pouquinho cada problema. O Brasil esbarrou no projeto civilizatório, no seu destino de nação. O Brasil pode crescer, mas vai continuar violento. Pode crescer, mas vai continuar com corrupção, pode até crescer, mas exportando basicamente soja, e não chips, que é um produto do futuro", observou. "A educação deve se transformar no motor do processo civilizatório do País", acrescentou.
Ciclo - O pedetista é o segundo presidenciável a participar do ciclo de entrevistas Eleições 2006 no Estadão, que pretende entrevistar os quatro primeiros colocados na corrida presidencial. A sabatina começou com o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, na última quarta-feira.
Na platéia, jornalistas de diversas mídias e leitores e assinantes do Estadão e do Jornal da Tarde. Entre os jornalistas encarregados da entrevista estão Dora Kramer, José Márcio Mendonça, Elizabeth Lopes, Sonia Racy, Luiz Henrique Fruet, Filomena Salemme, Daniel Galvão, Celso Ming, José Nêumanne Pinto, Daniel Piza, Suely Caldas, Jander Ramon, Denilson Azzoni, Josué Leonel e Sérgio Santos. A mediação é do jornalista Roberto Godoy.