O candidato do PT ao governo de São Paulo, senador Aloizio Mercadante, manteve hoje, no horário eleitoral na TV à noite, a tática que tem usado na campanha de rua, de chamar o rival do PSDB, José Serra, para o debate dos temas mais sensíveis da administração tucana no Estado. Mas subiu o tom. Apelou às mães para expor a tese de que a crise na educação leva ao caos na segurança.
E mostrou um personagem com tarja nos olhos, "doze anos e morador de uma das regiões mais violentas de São Paulo". A idade do menino fazia uma ligação com os doze anos do governo do PSDB no Estado e, na seqüência, foram apresentadas, em ritmo de videoclipe, cenas do caos em que a cidade mergulhou durante a onda de ataques do PCC. O programa questionou qual será o destino de Daniel daqui a quatro anos, caso o PSDB vença a eleição.
O candidato disse que gostaria de começar o falando de suas propostas para o Estado, mas que diante da crise na segurança pública se sentia no dever de tocar no assunto. "Que o PCC nasceu e se fortaleceu nestes 12 anos de PSDB é um fato", disse, citando ainda o caso da equipe de jornalistas da TV Globo que foi seqüestrada pela facção criminosa na semana passada.
Antes disso, o programa detalhou o currículo do senador e fez um resumo de sua atuação no Congresso, com especial atenção na aprovação de projetos de forte apelo popular, como o Bolsa-Família e o ProUni. A busca de identificação com o governo federal foi a grande marca do programa do candidato. O PT não teve o mesmo espaço no programa.
Serra - Na frente nas pesquisas de intenção de voto, Serra optou por um programa mais sóbrio, focado principalmente no seu currículo de administrador e em imagens de andanças pelas ruas, no meio de populares. Assim como o candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, Serra mantém o formato dos programas da eleição de 2004, quando concorreu à Prefeitura - o mesmo ritmo de edição de imagens, a mesma programação visual e a mesma camisa azul-clara, tom que já é conhecido como "azul tucano".
Serra detalhou sua biografia, com ênfase na ligação com São Paulo - "Eu nasci aqui e meu neto nasceu aqui", frisou - e na origem humilde - "Vendi muito abacaxi na vida". O clima era de largada na campanha, e o candidato prometeu falar das suas prioridades - "segurança, educação, emprego e saúde" - em breve. E já se antecipando a uma crítica que certamente virá, falou indiretamente de sua saída da Prefeitura para disputar o governo do Estado. "Nunca fugi dos desafios, por isso sou candidato", disse. Serra aproveitou para apostar na tese da continuidade, argumentando que "São Paulo avançou e é hora de seguir em frente".