Termina nesta terça-feira o prazo para os partidos indicarem os integrantes da CPI dos Sanguessugas, que vai investigar fraudes na compra de ambulâncias com recursos de emendas de parlamentares ao Orçamento-Geral da União. Pelo acordo firmado entre oposição e base aliada, a nova comissão de inquérito terá um prazo curto de funcionamento - apenas 30 dias, prorrogáveis pelo mesmo período - e deverá começar a trabalhar, provavelmente, na próxima semana. Até ontem à noite, os petistas ainda não tinham decidido quem indicar para integrar a CPI.
"Em pleno processo eleitoral, não sei se essa CPI vai produzir resultados", disse a líder do PT no Senado, Ideli Salvati (SC), ao frisar que a descoberta da existência de uma máfia das ambulâncias foi feita pelo governo federal e já está sendo investigada pela Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU). "Estou sofrendo pressões de parlamentares que querem ser indicados, mas ainda não há uma decisão", afirmou o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS).
"É preciso instalar essa CPI o mais urgente possível sob pena de não vê-la funcionar", observou o líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN). "Só não haverá conclusão rápida caso sejam criados obstáculos aos trabalhos da CPI", argumentou o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM).
Nomes - A presidência da CPI dos Sanguessugas deverá ficar com um deputado petista. Um dos cotados é o deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ). O relator da nova comissão de inquérito será escolhido no maior partido do Senado. O bloco PSDB/PFL conta com 32 senadores. Sozinho, o PMDB é o maior partido com 21 senadores. O líder Arthur Virgílio quer ceder a vaga para o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ). O PFL da Câmara reivindica, no entanto, o cargo para o líder da minoria, deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA).
"Essa CPI vai servir para passar um atestado de veracidade às denúncias", observou Agripino Maia. Outro nome levantado pelos tucanos para ocupar a relatoria é o do senador Jefferson Perez (PDT-AM). São quatro senadores pefelistas que serão titulares da CPI: Romeu Tuma (SP), César Borges (BA), Efraim Moraes (PB) e Paulo Otávio (DF). Os tucanos indicaram três senadores titulares: Sérgio Guerra (PE), Juvêncio Fonseca (MS) e o líder do partido.
O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), que é candidato ao governo do Rio de Janeiro, cedeu sua vaga à senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), que vai disputar a Presidência da República. Na semana passada, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), leu o requerimento de criação da CPI dos Sanguessugas. O requerimento conta com as assinaturas de 175 deputados e 32 senadores.
Foi fechado acordo informal entre os partidos de oposição e da base aliada para reduzir o prazo de funcionamento da CPI de 180 dias para 30 dias, prorrogáveis pelo menos período. A nova comissão terá 34 parlamentares - 17 senadores e 17 deputados.
No início de maio, a Polícia Federal deflagrou a Operação Sanguessuga que envolve parlamentares no esquema de venda de ambulâncias superfaturadas. Os ex-deputados Ronivon Santiago (PP-AC) e Carlos Rodrigues (PL-RJ) chegaram a ser presos. Pelo menos, 15 deputados são suspeitos de envolvimento direto com a máfia das ambulâncias e são alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). A CPI dos Sanguessugas pretende aproveitar as investigações já realizadas pela Polícia Federal e o Ministério Público.