Araújo crê que o processo Eduardo Cunha deve ser julgado até julho
O presidente do Conselho de Ética na Câmara, o deputado baiano José Carlos Araújo (PSD), disse que o afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), se acatado pelo pleno do Supremo Tribunal Federal (STF), dará um "alívio" ao colegiado que vem sofrendo "pressões, interferências" do chefe do Legislativo. Ele avalia que o STF tomou medida cautelatória acertada, já que seria um risco para o País se Cunha assumisse a presidência num eventual governo de Michel Temer.
"O Conselho fica aliviado porque se livra das pressões, artifícios e manobras que ele (Cunha) faz. Estamos parados há 3 meses e meio por isso". O Conselho tenta há seis meses apurar denúncias contra Eduardo Cunha, mas os trabalhos são tocados muito lentamente em razão das manobras do presidente, que tem uma "tropa de choque" no colegiado.
Araújo também lamentou o enfraquecimento institucional do Legislativo com o afastamento do presidente da Casa. "Por outro lado, lamento profundamente porque, de qualquer forma, é ruim para a Câmara, isso não é um fato que se possa comemorar porque enfraquece o parlamento", observou.
Perguntado se a decisão pelo afastamento do presidente da Casa estaria ferindo a prerrogativa constitucional que imputa ao Legislativo deliberar sobre afastamento e perda de mandato do chefe da Casa, Araújo disse que "decisão judicial não se discute" e sugeriu que o ministro Teori Zavascki avaliou riscos:
"Decisão judicial eu não discuto. Agora, se o Supremo teve força para afastar um senador em exercício de mandato (Delcídio do Amaral, do PT) e pode até não ter força para afastar o presidente da Casa, é preciso, contudo, considerar o risco iminente de Michel Temer assumir a presidência da República e, numa viagem, por exemplo, Eduardo Cunha, que está sendo investigado por vários motivos, de ele assumir a presidência do País no lugar. Foi uma medida cautelatória do Supremo".
No Conselho de Ética Cunha responde à processo por quebra de decoro, por ter mentido em sessão na CPI da Petrobras, quando disse que não tinha contas no exterior, o que posteriormente foi desmentido pela Operação Lava Jato.
José Carlos Araújo acredita que, sem mais obstáculos, o processo de Eduardo Cunha deve ser julgado no Plenário da Casa no final de junho ou mais tardar início de julho, em razão do recesso de meio de ano.