Araújo disse que sua atuação para levar à frente o processo da cassação foi fundamental para a prisão de Cunha
Luciano da Matta l Ag. A TARDE l 11.4.2016
O deputado federal José Carlos Araújo (PR), presidente da Comissão de Ética da Câmara dos Deputados e um dos principais inimigos de Eduardo Cunha (PMDB), responsável por encaminhar o seu processo de cassação, afirmou que a prisão do ex-presidente da Casa era esperada e que já deveria ter ocorrido antes da cassação. Ele avalia que pelo fato de a detenção de Cunha ter ocorrido há pouco tempo, ainda não dá para avaliar os "estragos" de uma possível delação. "Os aliados dele sumiram. A coisa estourou agora, a pólvora ainda está fresca", disse.
De acordo com ele, após a prisão do ex-deputado, aliados de Cunha e assessores do Palácio do Planalto já mostram apreensão quanto a uma possível delação premiada do ex-presidente da Câmara.
Para Araújo, a prisão de Cunha foi "algo natural, já era esperada. Já era para ter ocorrido quando ele era deputado, mas foi agora com (o juiz) Sérgio Moro. A Justiça fez seu trabalho", disse o parlamentar baiano, que comanda o PR na Bahia.
"Embora fique sentido, porque ele é um ex-deputado, um político, penso que a Justiça tem que fazer seu trabalho, assim como fiz enquanto presidente do Conselho de Ética", disse ele.
No Conselho de Ética, Cunha respondeu a processo por quebra de decoro, por ter mentido em sessão na CPI da Petrobras, quando disse que não tinha contas no exterior, o que posteriormente foi desmentido pela Operação Lava Jato. A cassação de Cunha foi aprovada no Conselho de Ética em junho passado. Em setembro, ele teve o mandato cassado pela Câmara.
Crimes
O deputado federal Daniel Almeida, presidente do PCdoB na Bahia, disse que a prisão de Cunha "era aguardada há bastante tempo. Ele tem um rosário de crimes que cometeu no longo período de atividade parlamentar, intensificando esses crimes nos últimos tempos".
"A prisão de alguém se justifica por crimes que estejam claros que foram cometidos. Cunha cometeu dezenas de crimes, foi já flagrado por desvios de recursos para o exterior, fez manobras para descumprir o regimento da Casa, fez todo tipo de chantagem, de diversas formas, não só no parlamento, no Judiciário, no Executivo ", afirmou o deputado baiano.
Daniel aproveitou o caso para dizer que a prisão de Cunha não pode justificar prisões de outras pessoas que não tenham cometido crimes. O deputado refere-se, provavelmente, às especulações, desde a sexta-feira passada, de que havia engatilhada uma possível prisão do ex-presidente Lula. "Espero que a prisão seja fundamentada em todos esses crimes cometidos, para que não se justifique a partir daí a prisão de outras pessoas que não têm nenhum crime identificado", disse.