Mourão deu sua opinião sobre o caso na manhã desta sexta-feira, 27, no Palácio do Planalto, a jornalistas
Para o vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB), inquérito aberto para apurar interferência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Polícia Federal é o “tipo de negócio que não dá em nada”
Mourão deu sua opinião sobre o caso na manhã desta sexta-feira, 27, no Palácio do Planalto, a jornalistas.
“Isso aí é um assunto que está afeto ao presidente, é um assunto que não deve passar por mim”, respondeu inicialmente o vice-presidente, mas, ante a questionamentos se ele concordava com a alegação da AGU de que as ilações de interferência do presidente na PF seriam infundadas, o vice-presidente concordou:
“Também concordo. É o tipo de negócio que não dá em nada”, afirmou.
Não comparecimento
O presidente Jair Bolsonaro decidiu não prestar depoimento sobre o caso. Em comunicado nesta quinta, 26, ao STF (Supremo Tribunal Federal) pelo advogado-geral da União, José Levi do Amaral Júnior, Bolsonaro confirmou que não iria depor.
“O peticionante [Bolsonaro] vem, respeitosamente, à presença de V.Exa., declinar do meio de defesa que lhe foi oportunizado unicamente por meio presencial”, afirmou Levi.
A palavra final sobre a realização da oitiva, no entanto, cabe ao relator da apuração, ministro Alexandre de Moraes. Na condição de investigado, o presidente pode faltar ao compromisso caso Moraes determine que a PF marque o depoimento.
O inquérito foi aberto no STF para apurar as acusações do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro de que o presidente da República tentou interferir na autonomia da PF para proteger familiares e aliados.
Moro fez acusações em abril, ao deixar o ministério por suposta insatisfação das ingerências do presidente na PF.
Moraes assumiu a relatoria do caso após a aposentadoria do ministro Celso de Mello no mês de setembro. Em um dos últimos atos no tribunal, Celso determinou que Bolsonaro prestasse depoimento presencial e autorizou a defesa de Moro a acompanhar o interrogatório.
O chefe do Executivo, em sua comunicação ao STF, pede ainda ao relator que os autos do inquérito sejam encaminhados à Polícia Federal para “elaboração de relatório final” a ser submetido ao procurador-geral da República, Augusto Aras, a quem compete apresentar denúncia ou pedir o arquivamento da apuração.
O depoimento de Bolsonaro, segundo os investigadores encarregados do caso, é apontado como uma das providências finais da apuração.