Lira lembrou sua boa relação com o ex-prefeito de Salvador e presidente nacional do DEM, ACM Neto
O líder do centrão e candidato à presidência da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), esteve em Salvador nesta segunda-feira, 25, para se encontrar com deputados federais e lideranças de diversos partidos na Bahia. Em um almoço, que contou com parlamentares de diversos partidos, o candidato do PP fez um discurso onde prometeu independência, harmonia entre poderes e uma maior participação dos parlamentares na Casa.
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O vice-governador da Bahia, João Leão, e o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), Nelson Leal, ambos do PP, estiveram presentes no almoço. Pela tarde, Lira se reuniu com o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), e com o atual mandatário do executivo da Capital da Bahia, Bruno Reis (DEM), e com o governador do estado, Rui Costa (PT).
Na última semana, lideranças de movimentos sociais da esquerda e da direita foram às ruas pedir o impeachment do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), e a saída do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, por decisões e comportamentos em meio à pandemia do novo coronavírus. Questionado sobre o tema, o líder do centrão disse que não falará em “hipótese” de abertura de processo de afastamento contra o presidente da República.
“Com relação ao impeachment, o que eu tenho dito é o seguinte: eu prezo pelo equilíbrio da Câmara, uma ruptura democrática não é fácil; Rodrigo Maia sabe disso, tanto é que ele tem 57 pedidos de impeachment e nunca pautou nenhum. Não vamos falar nunca em caso de hipótese, quando assumirmos vamos ver o que vamos fazer lá. Até lá, não é motivo da campanha, de discussão eleitoral”, destacou Lira.
Reforçando o posicionamento de independência, o deputado federal do PP declarou: “não tenho compromisso com a ou com b, a gente faz cumprir a legislação. Neste caso não é assunto de campanha, quem tem que falar é Rodrigo Maia (DEM-RJ) que tem ainda sete dias de mandato. Esse assunto [Impeachment] nunca foi tratado, esse assunto surgiu esta semana”.
Sobre as críticas em relação à condução da pandemia, o candidato a presidente da Câmara mostrou alinhamento ao Palácio do Planalto ao questionar “quem tem o cardápio ideal de como tratar pandemia” e ao lembrar que grandes potenciais mundiais, citando o Japão como exemplo, nem “sequer começou a vacinar”.
Apoio
A bancada do Democratas da Bahia, envolvida em um imbróglio ao partido declarar nacionalmente o apoio à Baleia Rossi, inclusive, tendo o presidente nacional do Democratas, ACM Neto, ido a público declarar que o nome do MDB era o candidato de seu partido, estiveram no ato e demonstraram apoio a Arthur Lira.
Em seu discurso, o deputado federal e presidente do DEM Bahia, Paulo Azi (DEM), destacou que Lira conta com as “características fundamentais para o momento em que vivemos”. Azi pontuou “a coragem para defender ideias e o que acredita” do pepista, e reforçou que o Arthur Lira conta com “equilíbrio e capacidade de diálogo e negociação”. Exaltou “o compromisso com o país” e de “conduzir o poder legislativo com independência” do candidato do centrão. O presidente do DEM no estado terminou seu discurso citando um colunista que dizia que se Lira tivesse maioria na bancada baiana ele seria eleito: “Se ele estiver certo, siga em frente, você será o próximo presidente da Câmara”.
Arthur Lira (PP) ressaltou que o apoio unânime entre candidatos do Democratas Bahia é fruto de sua amizade com os parlamentares e da capilaridade de suas propostas.
“Nós temos uma maioria esmagadora [de votos] aqui na Bahia, isso é claro. [Isso é] fruto de uma boa relação pessoal, partidária, muito dos deputados [baianos] se espelham em nossas propostas. E isso é fruto de muita conversa, de muito diálogo, de muita confiança e de muita proposta para Câmara nesses dois últimos anos”, destacou Lira.
Apontado como o articulador da dissidência no Democratas Bahia, após ter sido preterido por Rodrigo Maia (DEM-RJ) na disputa à sucessão na Câmara, o deputado federal Elmar Nascimento esteve no ato e exaltou a candidatura de Lira.
"Ninguém trabalha com o olho do retrovisor. A gente olha daqui para frente, no que é melhor pro país neste instante, que é uma Câmara que seja independente, e quem conhece a história de vida do Arthur sabe que ele é independente, a despeito do que estejam falando, mas que tenha harmonia com os outros poderes. É um momento que precisa de muita união para o país”, destacou Elmar.
O deputado do DEM disse que o ato não se trata de uma “dissidência”, já que o partido ainda não tratou do tema através de uma reunião da bancada da legenda na Câmara dos Deputados. Ele brincou que a dissidência poderá ser o apoio ao candidato do MDB, dado o apoio que o pepista deve ter na legenda.
Mudanças
O deputado federal e vice-líder do governo na Câmara, Cláudio Cajado (PP), destacou que Lira atuará em três frentes, que classificou como “previsibilidade da pauta”, com a divulgação prévia do que será pautado em comum acordo com os parlamentares, não personalismo, que definiu como “tirar o eu e botar o nós”, uma crítica ao atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e uma “ampliação da participação dos parlamentares”, que se dará através da apreciação de projetos dos deputados federais e de acesso à pauta de votação.
"A forma como ele [Maia] conduziu a Câmara nesses últimos tempos, e principalmente agora, na eleição, é de querer pontuar o que ele pensa, o que ele quer, como ele acha que deva ser. E o parlamento é plural. Nós temos que respeitar as diferenças, as minorias. Não é porque você pensa diferente de mim que eu não vou lhe dar a voz e vez”, destacou Cajado.
O vice-líder do governo na Câmara criticou mais uma vez o atual presidente da Casa por não ter tratado de impeachment no transcorrer de seu mandato e agora, no final dele, sinaliza que o debate sobre o tema deva ser feito: “Tem 50 pedidos de impeachment e ele nunca pautou, por quê?”.
O deputado federal Cacá Leão (PP) foi outro a criticar o pedido de abertura de impeachment contra o presidente da República em um período em que o país enfrenta uma pandemia e dificuldades na aquisição de vacinas: “Esse não é o momento para fazer essa discussão. Esse momento é o de discutir a vacinação de nossa sociedade, e a Câmara vai contribuir muito mais com a [possível] gestão do ‘presidente’ Arthur Lira para esse propósito”.
Leão acredita que Arthur Lira (PP-AL) será eleito com ampla vantagem, o que poderá surpreender. “Acredito que a vitória no dia primeiro de fevereiro [data da eleição] será maiúscula, e acredito, inclusive, em números que podem surpreender a todos, pela construção que foi feita e por tudo que sua [a de Lira] figura e imagem representa dentro do parlamento. Isso faz com que a gente acredite e espere uma vitória maiúscula no dia primeiro de fevereiro”, destacou Cacá Leão.