Profissional desenha tatuagem: as agulhas utilizadas devem ser sempre esterilizadas
Cerca de 800 mil pessoas são portadoras do vírus da hepatite B no Brasil. De 2008 até este ano, 2.865 casos da doença foram registrados em Salvador, segundo estimativa da Vigilância Epidemiológica.
A estatística indica números ainda elevados, o que levou o Ministério da Saúde (MS) a ampliar a faixa etária de vacinação de 29 para até os 49 anos como meta de erradicar a doença.
A vacina é também ofertada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a integrantes dos grupos de risco - como profissionais da saúde, manicures, vítimas de abuso sexual e prostitutas.
A orientação do ministério é que os postos da rede pública não exijam comprovação de idade para quem solicitar a imunização e aparentar ter mais de 50 anos.
Reforço - Para suprir a nova demanda, o MS encaminhou doses adicionais para as unidades médicas de Salvador, de acordo com a chefe de Imunização da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Doiane Lemos. Mas, segundo ela, o número de pessoas que procuram pela imunização é pequeno.
"Principalmente os adultos não procuram os postos, mesmo sabendo que o vírus provoca uma doença silenciosa e perigosa. A maioria perde a caderneta de vacinação e não sabe se já foi vacinado", diz.
Para reverter a situação, o MS pretende no Dia Mundial Contra as Hepatites Virais, em 28 de julho, fazer campanha para o diagnóstico da doença. Em Salvador, 140 postos realizam atendimento gratuito. O MS diz ter realizado 5,1 milhões de testes convencionais no SUS e ter vacinado mais de 15,7 milhões ano passado.
Descoberta nos anos 60, a hepatite B é uma doença sexualmente transmissível, mas também pode ser contraída pelo contato com o sangue e por materiais cortantes. Para não contrair a doença, além do uso da camisinha, não se deve compartilhar escova de dente, alicates de unha e lâminas de barbear.
É importante sempre utilizar materiais esterilizados ou descartáveis em estúdios de tatuagem e piercing, acupuntura, procedimentos odontológicos e hemodiálise. Segundo o MS, 20% dos infectados podem desenvolver cirrose e câncer hepático.
O médico hepatologista Raimundo Paraná acredita que crianças e adolescentes devem ser orientadas desde cedo. "A forma que a educação sexual nas instituições de ensino são abordadas precisa mudar. É necessário romper tabus e regras religiosas porque a hepatite é um problema sério no nosso país", diz.
A imunização é garantida quando a pessoa recebe três doses da vacina. Quem não tiver comprovação de imunização através da caderneta de vacina, deve receber o esquema completo. A segunda e a terceira doses devem ser aplicadas, respectivamente, 30 e 180 dias após a primeira.
Quando o diagnóstico é positivo, o paciente é orientado a iniciar tratamento no Serviço Municipal de Atendimento Especializado (Semai), no bairro da Liberdade. A população também pode recorrer ao Hospital das Clínicas.